Começou o encontro frente ao Nantes no banco antes de entrar a menos de meia hora do final, havendo essa “justificação” de que uns dias antes tinha feito toda a partida da Liga dos Campeões com a Real Sociedad. A seguir, e num jogo que estava em aberto (e que até terminou com um empate caseiro frente ao Rennes), foi substituído aos 65′. Luis Enrique tentava não normalizar aquilo que nunca foi normal mas o estatuto de Kylian Mbappé no PSG estava definitivamente em xeque. Agora, na deslocação ao Mónaco, essa realidade ganhou nova forma com o avançado a ser rendido ao intervalo com o duelo sem golos como viria a terminar no final. Mais uma vez, o técnico espanhol fugiu ao choque. O internacional francês, esse, está bem.

“Quando considerar oportuno ser opção e jogar ou não, vou fazê-lo, como acontece com todos os treinadores. Mais tarde ou mais cedo isto vai acontecer, em algum momento teremos de apresentar a jogar sem o Kylian”, comentou Luis Enrique, que apesar de tudo goza de uma vantagem de mais de dez pontos na Ligue 1 para ir fazendo essa metamorfose da equipa. Mbappé, ao contrário do que aconteceu num par de ocasiões anteriores, dificilmente poderia ter reagido a essa opção, quase que assumindo-sem-assumir que vai continuar a ser indiscutível na Liga dos Campeões porque o PSG necessita mas não nas restantes provas.

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Depois da substituição por Kolo Muani (Gonçalo Ramos e Vitinha foram titulares, Nuno Mendes entrou na segunda parte), o campeão do mundo por França tomou banho, mostrou que não estava lesionado e seguiu de forma sorridente dos balneários pelo túnel de acesso ao campo até rumar a uma bancada onde estava a ver o encontro a mãe e agente, Fayza Lamari. Nesse trajeto, o avançado foi acenando aos adeptos que chamavam por ele e que recordavam ainda os primeiros tempos da carreira no Mónaco de Leonardo Jardim. A seguir à partida, Mbappé voltou a descer ao relvado, cumprimentou companheiros e adversários, foi dar alguns autógrafos e tirar fotografias com adeptos mais jovens e seguiu para o balneário.

“Mais uma vez, mais tarde ou mais cedo teremos de nos ir acostumando a jogar sem o Kylian. Estou a tratar das melhores opções para a equipa. Talvez seja um equívoco, talvez não. A minha filosofia passa por pensar sempre naquilo que é o melhor para a equipa. Não há discussões, não quero discutir, é a minha decisão. É uma decisão 100% técnica, minha. Não há nenhum problema como o Mbappé, trata-se apenas de uma forma de gerir uma situação da maneira que considero melhor”, acrescentou o técnico na conferência.

Com o Campeonato “controlado”, a presença nos quartos da Taça garantida (além de ter conquistado já a Supertaça) e uma vantagem de dois golos para a segunda mão dos oitavos da Liga dos Campeões no País Basco com a Real Sociedad, o PSG vai tentando aguentar os embates da saída da grande referência para o Real Madrid ao mesmo tempo que Kylian Mbappé prepara o novo desafio da carreira. Segundo o L’Équipe, o jogador e a mãe têm preparado ao detalhe tudo sobre a mudança para Espanha como a procura de casa, os conselhos de Sergio Ramos (que até pode alugar uma das duas moradias que tem em Madrid) e as recordações de Hakiki, que passou pela formação dos merengues. Em Paris, já se chora a mudança.

Esta semana, Emmanuel Macron, presidente de França, aproveitou a presença na capital do emir do Qatar, Tamim bin Hamad Al Thani, para convidar o jogador para um jantar no Palácio do Eliseu. Do jantar, sabe-se que foi preparado pelo chef Christian Le Squer, que teve espargos e caviar como entrada e que apresentou a rara lagosta azul como prato principal com manteiga de trufa e batatas assadas. Sobre o que se passou na refeição, nenhum pormenor. Ainda assim, o momento ficou marcado por um episódio logo na chegada de Kylian Mbappé ao Palácio, quando Macron, que foi uma peça decisiva para que tivesse renovado contrato com o PSG na última vez, soltou a frase “Vais meter-nos em mais problemas” durante o cumprimento.