As mudanças de pilotos entre equipas foram muitas, as caras novas apenas uma (Pedro Acosta, campeão de Moto2 que rendeu Pol Espargaró na GASGAS Tech3), a competitividade estava garantida nas pistas. No 75.º aniversário, o Mundial de MotoGP regressava no Qatar com ambições reforçadas de todas as equipas e essa “novidade” que era a entrada em cena da Trackhouse Racing na posição que em 2023 pertenceu à RNF (que viu a sua licença anulada). Também por aqui, Miguel Oliveira, piloto português de 29 anos que fazia a sexta temporada no principal Campeonato do Mundo de motociclismo, seria um dos nomes a seguir com maior atenção, não só por estar na nova estrutura como por entrar naquele que seria o último ano de contrato. “Histórico” à parte, e o conhecimento das equipas do grid é muito, os resultados ganhariam um outro peso.

Miguel Oliveira com novas cores e ambição renovada

“A sensação é transversal a todos os pilotos, de início de época, e todos os anos é a mesma coisa, o mesmo nível de nervosismo. Por muito mais habituado que se esteja a estar aqui no Campeonato do Mundo, o arranque é sempre mais especial. Estamos todos muito motivados e otimistas, é sempre a sensação até começar. Depois de termos acabado o teste numa nota ligeiramente mais positiva, queremos continuar essa evolução no arranque da temporada, sobretudo neste início de fim de semana, deixar que as coisas arranquem e começar a trabalhar a partir daí. As sensações são muito diferentes da mota de 2022, a mota nova permite fazer muito mais coisas e andar bastante mais rápido. Do primeiro para o segundo dia, melhorei 2,1 ou 2,2 segundos, indica-nos várias coisas. Tivemos um teste em crescendo, temos uma mota nova a que a equipa precisa de habituar-se. Agora vamos ter mais pessoas na box para nos ajudar a afinar os últimos retoques da mota, é uma adaptação para todos”, comentou o português em declarações à Sport TV.

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“Pela primeira vez temos uma moto oficial na box. Acredito que, com toda a parte americana, que também é um fator novo para nós, o Davide [Brivio] se encaixa na perfeição para poder gerir tudo isto de forma muito boa. É uma situação muito vantajosa, seja para a Aprilia ou para o próprio MotoGP, mas também para os pilotos que dão a cara pela equipa. O meu foco é apenas a performance em pista. Vai ser bastante agressivo, esta época de contratações também vai ser bastante agressiva, vai rolar muita tinta na imprensa. Os pilotos que não têm contrato renovado vão ter muita pressão mas é o Campeonato do Mundo de MotoGP, para quem não pode ter performance sob pressão não é realmente o lugar deles. Vou tentar estar à margem disso, blindado psicologicamente e fazer o meu trabalho”, acrescentou ainda o piloto português.

A partir de agora, era a sério. E, a sério, a primeira imagem que a Trackhouse Racing, a Aprilia e o próprio Miguel Oliveira deixaram foi positiva. No caso do português, terminou a primeira sessão de treinos livres com o 12.º registo com o tempo de 1.53,338 e ficou muito próximo do top 10 que mais tarde valeria passagem direta para a Q2 (Raúl Fernández, companheiro de equipa, foi 14.º). Já em relação à fabricante, a segunda posição de Aleix Espargaró atrás da Ducati de Jorge Martín mostrava que existia competitividade para olhar para os lugares cimeiros. Ainda assim, e entre esses dados, os resultados de Pedro Acosta, Marc Márquez (em estreia na Gresini), Brad Binder ou Johann Zarco deixavam tudo em aberto, tendo em conta também que seria provável existirem outros tempos pelo bicampeão Pecco Bagnaia (décimo) ou Marco Bezzecchi (18.º).

À tarde, tudo mudou. Mudou até de forma literal, tendo em conta que a segunda sessão de treinos livres que se deveria realizar na manhã deste sábado passou para sexta e a que conta para colocar os dez primeiros de forma direta na Q2 passou para este sábado. Razão? A chuva que caiu no circuito de Lusail, que condicionou tudo aquilo que as equipas tinham preparado mas que, ao contrário do que era normal, não favoreceu Miguel Oliveira, que não foi além do 20.º e antepenúltimo registo de uma sessão que teve Marc Márquez como o mais rápido tendo logo atrás as duas GASGAS Tech3 de Augusto Fernández e Pedro Acosta.

“A mudança que fiz no assento na parte final ajudou mas existiram outras mudanças de geometria para tentar ter a moto um bocado mais calma também a mudar de direção para tirar proveito da boa velocidade em curva que a moto te permite ter. Mas precisas de ter uma moto muito estável. Precisa também de se levantar, por isso tentamos encontrar esse compromisso. E ainda hoje [sexta-feira de manhã] no treino em tempo seco provavelmente encontrámos outro pequeno passo que podemos fazer nessa direção, pelo que estava mesmo ansioso pelo treino noturno”, comentou após a sessão, citado pelo Motorcycle Sports.