A mulher do antigo líder das Honduras Juan Orlando Hernández, condenado no sábado por tráfico de droga e armas nos Estados Unidos, anunciou na terça-feira a candidatura às eleições presidenciais de 2025.
Ana García de Hernández descreveu a candidatura pelo Partido Nacional, atualmente na oposição, como “uma cruzada pela justiça” perante “as injustiças (…) nos últimos tempos” e “também a pedido de milhares de hondurenhos que expressaram apoio”.
Numa mensagem divulgada na rede social X (antigo Twitter), García de Hernández disse que sabe “o que é preciso fazer” e destacou “a dedicação e a luta” do marido face às “grandes necessidades em que hoje vivem as Honduras”.
Pueblo hondureño: ante las injusticias que hemos visto en los últimos tiempos, lo he puesto en manos de Dios, he pedido su dirección así como ante la petición de miles de hondureños que me han manifestado su apoyo. Hoy quiero anunciar a Honduras que he decidido lanzar mi pre… pic.twitter.com/8EbeRlTJGU
— Ana García de Hernández (@anagarciacarias) March 13, 2024
“Não estou a fazer isto só pela minha família, estou a fazer isto por todo o povo hondurenho, que foi atacado, tratado e insultado”, acrescentou, referindo-se à condenação de Juan Orlando Hernández, de 55 anos.
No sábado, Hernández foi considerado culpado de tráfico de droga e armas por um júri de Nova Iorque e enfrenta agora prisão perpétua, depois de um julgamento histórico para a justiça norte-americana.
Hernández, que os procuradores federais disseram ter criado um narcoestado durante oito anos na presidência entre 2014 e 2022, foi considerado culpado de conspiração para cometer tráfico de drogas e tráfico de armas, bem como posse de armas. A sentença será pronunciada a 26 de junho pelo juiz Kevin Castel. Os EUA negaram um visto a Ana García de Hernández para estar presente na audiência.
Cinquenta hondurenhos que estavam no exterior do tribunal comemoraram a condenação, assim que foi conhecido o veredicto, de acordo com a agência de notícias Efe.
A acusação indicou que Juan Orlando Hernández recebeu milhões de dólares em subornos de cartéis de drogas, incluindo o cartel de Sinaloa, liderado pelo notório traficante de drogas mexicano Joaquin “El Chapo” Guzman, condenado a prisão perpétua pelos tribunais norte-americanos em 2019 e atualmente a cumprir pena numa cadeia de alta segurança.
Estes subornos teriam sido recebidos em troca da proteção dos traficantes contra extradições e da garantia, através de assistência militar, policial e judicial, do transporte de drogas da Colômbia para o mercado norte-americano.
Durante a presidência, as Honduras tornaram-se numa autoestrada para a cocaína colombiana, disseram os procuradores. A justiça norte-americana detalhou ainda que entre 2004 e 2022, a rede apoiada por Hernández contrabandeou mais de 500 toneladas de cocaína para os Estados Unidos.
O antigo chefe de Estado hondurenho (2014-2022) foi extraditado em abril de 2022 para os Estados Unidos, três meses depois de ter deixado o cargo.
O júri foi convencido pelos depoimentos prestados por conhecidos traficantes de drogas que testemunharam contra o hondurenho, depois de já terem sido declarado culpados, presumivelmente à procura de um alívio na sentença.