A mulher do antigo líder das Honduras Juan Orlando Hernández, condenado no sábado por tráfico de droga e armas nos Estados Unidos, anunciou na terça-feira a candidatura às eleições presidenciais de 2025.

Ana García de Hernández descreveu a candidatura pelo Partido Nacional, atualmente na oposição, como “uma cruzada pela justiça” perante “as injustiças (…) nos últimos tempos” e “também a pedido de milhares de hondurenhos que expressaram apoio”.

Numa mensagem divulgada na rede social X (antigo Twitter), García de Hernández disse que sabe “o que é preciso fazer” e destacou “a dedicação e a luta” do marido face às “grandes necessidades em que hoje vivem as Honduras”.

“Não estou a fazer isto só pela minha família, estou a fazer isto por todo o povo hondurenho, que foi atacado, tratado e insultado”, acrescentou, referindo-se à condenação de Juan Orlando Hernández, de 55 anos.

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No sábado, Hernández foi considerado culpado de tráfico de droga e armas por um júri de Nova Iorque e enfrenta agora prisão perpétua, depois de um julgamento histórico para a justiça norte-americana.

Hernández, que os procuradores federais disseram ter criado um narcoestado durante oito anos na presidência entre 2014 e 2022, foi considerado culpado de conspiração para cometer tráfico de drogas e tráfico de armas, bem como posse de armas. A sentença será pronunciada a 26 de junho pelo juiz Kevin Castel. Os EUA negaram um visto a Ana García de Hernández para estar presente na audiência.

Cinquenta hondurenhos que estavam no exterior do tribunal comemoraram a condenação, assim que foi conhecido o veredicto, de acordo com a agência de notícias Efe.

A acusação indicou que Juan Orlando Hernández recebeu milhões de dólares em subornos de cartéis de drogas, incluindo o cartel de Sinaloa, liderado pelo notório traficante de drogas mexicano Joaquin “El Chapo” Guzman, condenado a prisão perpétua pelos tribunais norte-americanos em 2019 e atualmente a cumprir pena numa cadeia de alta segurança.

Estes subornos teriam sido recebidos em troca da proteção dos traficantes contra extradições e da garantia, através de assistência militar, policial e judicial, do transporte de drogas da Colômbia para o mercado norte-americano.

Durante a presidência, as Honduras tornaram-se numa autoestrada para a cocaína colombiana, disseram os procuradores. A justiça norte-americana detalhou ainda que entre 2004 e 2022, a rede apoiada por Hernández contrabandeou mais de 500 toneladas de cocaína para os Estados Unidos.

O antigo chefe de Estado hondurenho (2014-2022) foi extraditado em abril de 2022 para os Estados Unidos, três meses depois de ter deixado o cargo.

O júri foi convencido pelos depoimentos prestados por conhecidos traficantes de drogas que testemunharam contra o hondurenho, depois de já terem sido declarado culpados, presumivelmente à procura de um alívio na sentença.