Deveria ser uma notícia, apenas uma notícia e acima de tudo uma notícia, acabou por tornar-se quase numa multiplicação de notícias que se iam sucedendo de hora a hora. Assunto? Os terrenos na Maia que servirão para a construção da nova academia do FC Porto e uma série de críticas feitas (e entretanto rebatidas).

Aprovada hasta pública para venda de terrenos para academia do FC Porto na Maia

Comecemos pelo início, por aquela que deveria ser a “única” notícia. O executivo da Câmara Municipal da Maia aprovou esta segunda-feira a alienação em hasta pública de um terreno de mais de 140 mil metros quadrados com um valor base de licitação de 3,36 euros, com um voto contra que veio da bancada do PS. Razão? O preço definido, que o presidente da autarquia se apressou a dizer que estava calculado tendo por base uma comissão independente. Mais: de acordo com António Silva Tiago, foi a própria Câmara que fez a escolha de Manuel Salgado para o desenho do projeto que prevê um estádio, nove campos de 11 (quatro com bancada), um apenas para futebol de 7, 70 quartos duplos, vários balneários e auditório.

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Depois, as críticas. Francisco Vieira de Carvalho, um dos vereadores do PS na Maia, colocou em causa dez hectares que pertenciam a privados e terão sido comprados pelo FC Porto. “Diz-se que o FC Porto já terá comprado 90 e tal mil metros quadrados. Ao que ouvi, é tudo uma história, porque quem de facto comprou foi um empresa de Braga que se chama ABB. Ou seja, não sabemos bem quem é o dono de quê ou quem fica com o quê. Está perfeito lúcido para todos que o uso vai ser da FC Porto SAD, mas não se sabe quem vai ser o dono, quem faz a construção ou quem arrenda ao público. Portanto, tudo aquilo que andam a dizer que as máquinas já entraram é confuso para nós enquanto autarca porque não corresponde”, referiu.

“Há duas pessoas, gestores, que estão envolvidos neste processo. Um é o novo candidato a vice do FC Porto, João Koehler, que é um distinto gestor da praça do Porto. Se for comprado por alguém que faça a obra e depois arrenda ao FC Porto por um preço alto, estamos aqui a ver negócios da China. Depois, há um outro empresário que tem estado aqui muito ativo que é o Pedro Pinho, que pelos vistos estará aqui com o [Gaspar] Borges e com o Koehler em conjunto, para que isto seja feito. A empresa ABB é que fez o centro de estágio em Braga e que, pelos vistos, a ideia é algo do género para a Maia. Depois, a verba. É um fato à medida porque existe apenas uma pessoa que quer isto. Os números andam acima disso, o que é bom para quem investe cá e para as pessoas que são donas dessas imóveis da Maia vendem a um preço mais alto. A Maia não pode passar estar em saldo, nem passar a ideia de estar em saldo”, frisou, citado pelo jornal O Jogo.

Pouco depois das acusações, Pedro Pinho, empresário de jogadores próximo do FC Porto e de Pinto da Costa, fez um comunicado onde anunciou que vai avançar para tribunal perante as acusações de Francisco Vieira de Carvalho. “É completamente falso que os terrenos que eventualmente venham a ser alocados à Academia do FC Porto tenham sido adquiridos por mim. Foi hoje afirmado pelo senhor Vieira de Carvalho, vereador da Câmara Municipal da Maia,  que o meu nome ‘pelos vistos, também estará no negócio’. Nunca eu, nem qualquer empresa, detida e/ou gerida por mim, teve qualquer interesse económico nessa operação. Desconheço os trâmites da mesma e por isso, dada a falsidade e gravidade daquelas afirmações, vou proceder judicialmente contra aquele senhor. Não pode valer tudo, nem na política, nem no futebol”, defendeu.

Mais tarde, também os dragões vieram refutar as acusações do vereador do PS. “A administração da FC Porto, Futebol SAD esclarece que as declarações de Francisco Vieira de Carvalho, vereador da oposição na Câmara Municipal da Maia, sobre a construção da futura Academia do FC Porto são falsas; os terrenos e a futura Academia do FC Porto não serão arrendados. Serão propriedade do FC Porto. É falso que João Rafael Koehler e Pedro Pinho tenham qualquer participação no negócio da futura Academia do FC Porto”, destacou também a administração da sociedade azul e branca para o futebol a esse propósito.

“É completamente falso que os terrenos que espero que sejam alocados à Academia do FC Porto tenham sido adquiridos por mim. Nunca eu nem qualquer empresa, detida e/ou gerida por mim, teve qualquer interesse económico nessa operação. Desconheço em absoluto os trâmites da mesma, e, por isso, dada a falsidade e gravidade daquelas afirmações, vou intentar a respetiva participação criminal com pedido de indemnização cível contra a pessoa em causa. Não pode valer tudo, nem na política, nem no futebol. Lamento que existam agora portistas que fazem gala em dizer mal de outros portistas, num lamentável processo de destruição do clube e de tudo o que de bom se conseguiu até agora”, disse depois Koehler em comunicado.

Este domingo, André Villas-Boas, antigo treinador e atual candidato à liderança dos dragões nas eleições de dia 27 de abril, abordou a questão da Academia na Maia. “Vamos olhar para os contratos que forem assinados e, se fizer sentido, rescindir os mesmos e avançar para o Olival. É um processo que não está nas nossas mãos, porque a SAD pode contratualizar-se com cláusulas penais graves e impedir assim que possamos avançar com algo diferente se formos eleitos”, comentou o ex-campeão pelos portistas, que tem como projeto de candidatura a construção de uma Academia mas em Gaia e com outras valências diferentes.