A oportunidade servia apenas para apresentar o novo diretor das modalidades do FC Porto caso André Villas-Boas fosse eleito, acabou por tornar-se mais um momento de acusações e respostas na campanha bipartida à liderança dos dragões na corrida com Pinto da Costa. Já depois da apresentação de Mário Santos como nome escolhido para ficar à frente de toda a parte desportiva que não o futebol, numa escolha que o Observador sabe estar definida há alguns dias e que esperava apenas o melhor “enquadramento” naquilo que será toda a estrutura montada pelo antigo treinador em caso de triunfo nas eleições, Villas-Boas aproveitou também para responder a algumas acusações do atual presidente dos azuis e brancos, sobretudo das claques.
A determinada altura da entrevista ao JN publicada este sábado, Pinto da Costa admite que “havia no FC Porto um problema de bilheteira” que está a ser avaliado pelo Conselho Fiscal e Disciplinar. “Mudámos a nossa equipa da bilhética”, apontou. “Não vamos rasgar contratos. A afirmação de que se ia rasgar contratos criou-nos muitos problemas, porque estávamos a negociar um empréstimo e as pessoas recuaram quando disseram que ele [Villas-Boas] vai rasgar contratos. No FC Porto, não pode haver Vales e Azevedo”, disse mais tarde, fazendo alusão a uma ideia do adversário em ligação ao protocolo que existe com as claques.
Mas o líder dos dragões foi mais longe. “Problema com os Super Dragões? Em relação à claque, é mais conversa. Curiosamente, claro que ele pode dizer que não, mas fui informado de que a lista concorrente contactou a claque Super Dragões a dizer que se se virassem para ele, lhes mantinham todas as regalias. Eles é que não aceitaram. Disseram-me isso convictamente e eu acredito. Agora, dá jeito atirarem-se à claque”, acusou Pinto da Costa, numa das partes mais críticas da entrevista ao JN. Já este sábado, Villas-Boas respondeu às acusações, não só sobre os Super Dragões mas também em relação a Sérgio Conceição.
“Não posso alongar-me muito na quantidade de mentiras que o presidente continua a inventar. Isto alastra para campos de desrespeito das pessoas, mentiras absolutas. É muito fácil desmentir Pinto da Costa, desmentir invenções. Já se entra no campo do ridículo e da mitomania. Não sei do que ele está a falar, que prove a insinuação. Que prove, que exponha, para podermos clarificar o que anda a dizer”, referiu o antigo treinador, à margem da cerimónia que realizou na manhã deste sábado na sua sede de campanha.
“Temos uma visão muito clara para os GOA [Grupos Organizados de Adeptos], com igualdade de direitos para os adeptos, simpatizantes e sócios do FC Porto. O que está em causa é desigualdade de diretos que determinado grupo de GOA teve em questões de bilhética. Portanto, nesta área, temos um plano muito definido de reestruturação, respeitando o movimento do Colectivo e dos Super Dragões, porque há muita gente inserida nesse amor. Não estamos aqui para cortar o modo de expressar amor ao FC Porto, mas estamos para regulamentar direitos e acesso aos bilhetes”, acrescentou ainda a esse propósito.
“Soube que o Sérgio Conceição não ficaria se eu saísse. Ele está no FC Porto e nunca disse que estava na cadeira de sonho, porque ele nunca está sentado, está sempre em atividade. No ano passado podia ter saído. Teve tudo à frente para assinar num hotel em Paris com as bandeiras de um clube árabe e com um contrato de 45 milhões de euros sem impostos. E disse que não tinha coragem de sair do FC Porto nesta altura. Estou convencido de que um dia terá de partir, eu não terei coragem para lhe dizer que não. Mostrou que não está aqui por dinheiro nem por ter uma cadeira de sonho, porque anda sempre a correr de um lado para o outro”, referiu Pinto da Costa. “Não me querendo repetir, se esta candidatura for eleita, sentar-se-á com o treinador. O treinador disse que se manteria à parte das eleições e eu vou respeitar. Assim sendo, vou sentar-me com o treinador para perceber as suas intenções”, voltou a salientar André Villas-Boas.
“Obras suspensas na Academia da Maia? Terá de perguntar ao presidente, foi a Direção do FC Porto que avançou com todo o projeto. Esta Direção, tomando posse, irá analisar os pressupostos dos contratos e tomar a decisão mais ponderada. O que é premente é que a Academia é uma necessidade absoluta, que não pode estar sujeita a adiamentos e atrasos, tendo em conta a aceleração do processo, que acabou por se cometer mais um erro e encontram-nos de novo com uma suspensão. Terá de perguntar aos mesmos qual o entendimento relativo a essa suspensão”, comentou ainda o antigo treinador sobre a Academia da Maia.