Cerca de meia centena de antigos combatentes da Guerra Colonial protestaram este sábado no Porto contra o incumprimento do Estatuto do Antigo Combatente e anunciaram uma greve de fome para dia 24 de abril.

“Há 112 ex-combatentes da Guerra do Ultramar que vão entrar em greve de fome no dia 24 de abril junto ao Palácio de Belém, anunciou António Silva, um dos porta-vozes do Movimento Pró-Dignidade ao Estatuto do Combatente Guerra Colonial, revelando que o movimento tem 12 reivindicações para fazer junto do Governo.

António Silva, do movimento Pró Dignidade do Estatuto do Antigo Combatente (EAC), disse à agência Lusa que os 112 antigos combatentes da Guerra Colonial (1961-1974) vão entrar em “greve de fome às portas da Presidência da República” a partir do dia 24 de abril.

“Somos 112 antigos combatentes que iremos estar em frente ao jardim da Presidência da República [Palácio de Belém], para fazer greve da fome, como o nosso camarada que esteve lá a fazer greve de fome durante sete dias”, explicou António Silva.

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Na concentração, que contou com cerca de meia centena de antigos combatentes da Guerra Colonial, podiam ver-se, esta tarde, na Praça Carlos Alberto, na cidade do Porto, algumas faixas brancas e cartazes com frases como “Antigos combatentes humilhados e abandonados. Fomos combatentes pela nação e para a guerra fomos mandados; Merecemos dignidade e gratidão. Direitos que nos são recusados”, ou “Combatentes do Ultramar em luta: Transportes públicos gratuitos”.

“Alterar o Estatuto do Combatente”, “exigir que no novo estatuto de Combatente estejam incluídos os Combatentes de Timor”, incluir um “complemento digno mensal para todos os combatentes e viúvas dos combatentes”, “exigir um passe nacional e não intermodal”, bem como “exigir que todos os combatentes tenham acesso aos hospitais militares” são as cinco primeiras reivindicações de um conjunto de 12 que os ex-combatentes na Guerra Colonial anunciaram no Porto.

Exigir que os combatentes africanos que lutaram ao serviço de Portugal tenham as mesmas regalias, que as autarquias cumpram o estatuto na entrega da Bandeira Nacional nas cerimónias fúnebres e prioridades nas atribuições das habitações sociais, isenção total no IRS sobre os complementos, entrega imediata de medalhas de campanha aos que ainda as não receberam e isenção de todas as taxas moderadoras são as restantes reivindicações apresentadas durante a concentração dos ex-combatentes no Porto.

Em declarações aos jornalistas, António Silva criticou a anterior ministra da Defesa do Governo PS, ao declarar que “ela devia ser talvez ama de crianças”, “porque da tropa não percebe nada”. “Disse que no próximo Conselho de Ministros ia falar e ia reivindicar, e forçar e tal, mas não fez nada. Até hoje ninguém fez nada”, disse

A concentração reflete a desilusão a propósito do Estatuto do Combatente que é “uma mão cheia de nada”, referiu António Silva, referindo que os ex-combatentes “não têm mordomias políticas”

O Movimento Pró-Dignidade ao Estatuto do Combatente também pretende ser ouvido pelo novo ministro da Defesa, Nuno Melo, tendo organizado um conjunto de concentrações a decorrer nos próximos dias.