A Associação Nacional de Cuidados Continuados (ANCC) alertou esta segunda-feira para atrasos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) nesta área, o que faz com que novas camas só estejam disponíveis dentro de dois a três anos.
“Até que haja uma decisão final para se avançar para o terreno, para se lançar concursos públicos, até que essas camas estejam disponíveis ainda vão passar uns dois ou três anos”, disse à agência Lusa o presidente da ANCC, no dia em que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) indicou que o tempo de espera para rede de cuidados continuados aumentou em 2022.
Segundo José Bourdain, o (PRR) “está atrasadíssimo” no que se refere aos investimentos nesta área, uma vez que neste momento “ainda estão a ser analisados os concursos”, quando são necessárias mais camas na rede, tendo em conta que o seu número está “praticamente inalterado nos últimos anos”.
“Há um subfinanciamento da rede de cuidados continuados. Fecharam cerca de 300 camas no espaço de três anos. Entretanto, abriram mais algumas camas, pelo que o saldo foi um ligeiro acréscimo de camas, mas muito ligeiro”, considerou José Bourdain.
O presidente da ANCC referiu que o aumento do tempo de espera dos utentes está também relacionado com o envelhecimento da população, que necessita cada vez mais deste tipo de cuidados.
O responsável da associação considerou ainda não ter “expectativas nenhumas em relação a nenhum Governo” na resolução destas questões, alegando que os “cuidados continuados e o setor social, em geral, ficam sempre para o último”.
“No dia da tomada de posse mandei duas cartas, uma à ministra da Saúde e uma à ministra da Segurança Social, para ser recebido. Até agora, não tive qualquer resposta”, lamentou.
Segundo os dados da monitorização da ERS divulgados esta segunda-feira, houve uma tendência de agravamento da média de tempo desde a identificação do doente para a rede (referenciação) até que se encontrasse uma vaga, tanto nas Unidades de Média Duração e Reabilitação (UMDR) como nas Unidades de Longa Duração e Manutenção (ULDM), em todas as regiões.
No final de 2022, aguardavam vaga para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) 1.562 utentes, mais 19,24% do que no ano anterior e mais 23,09% do que no final de 2020. Nas ULDM concentrava-se o maior número de utentes à espera.
Em 12 de abril, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde anunciou que a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados foi reforçada com mais 180 camas, nas tipologias de Convalescença (UC), Média Duração e Reabilitação (UMDR) e Longa Duração e Manutenção (ULDM).
Com estas aberturas, esta rede ficou com uma capacidade total instalada nestas tipologias de 9.737 camas.