A vitória em Matosinhos frente ao Leixões ainda deu alguma esperança, a derrota na receção ao Torreense no Estádio Cidade de Coimbra (um dos palcos que a equipa tem utilizado na versão casa às costas) ditou aquilo que há muito parecia inevitável: apenas um ano depois de ter subido aos escalões profissionais, neste caso à Segunda Liga, o Länk Vilaverdense voltou a descer à Liga 3 e corre o risco de acabar a prova na 18.ª e última posição. No entanto, além desse facto, a partida com o conjunto de Torres Vedras ficou marcada pela estreia “polémica” de um reforço de inverno com 45 anos e pelas palavras do treinador no final da partida.

“And Now for Something Completely Different”: Vilaverdense contrata cunhado de Paris Hilton (que tem 45 anos e nunca foi profissional)

Expliquemos: depois de ter sido inscrito no último dia de mercado como reforço do conjunto de Vila Verde, Courtney Roum só recentemente se juntou aos restantes novos companheiros. Não estava noutro clube, até porque chegou aos 45 anos tendo como única experiência no futebol os quatro anos em que representou os Columbia Lions na faculdade há mais de duas décadas, andou apenas um pouco por todo o mundo entre os negócios que lhe asseguram uma pequena fortuna. Agora, juntou-se à equipa e começou a treinar.

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“Escolha do Länk Vilaverdense? É uma boa pergunta… Eu não diria que eu escolhi Länk, diria talvez que o Länk escolheu-me e eu escolhi o Länk. Fui apresentado a um amigo, o Adrian [Johansson], o dono da SAD. Além disso, estive em Portugal várias vezes. Eu gosto deste país. Quando esta oportunidade apareceu, não estava exatamente a procurar vir para Portugal mas fazer algo parecido…. E quando o Länk se tornou uma oportunidade, eu sabia que era um lugar lindo. Estive em Lisboa, em Sintra e no Porto mas nunca estive tão longe para o norte. Ouvi que dizer que era um lugar bonito e fiquei muito interessado na equipa então pareceu uma ótima oportunidade”, confidenciou numa conferência na semana passada.

“Jogar como profissional aos 45? Sim, quase 46… Bem, não pretendo ser como quando tinha 25 mas estou a tentar…Tenho cuidado e tento ficar em boa forma. Era um jogador muito rápido, não sou o mais rápido mas isso não significa que eu não possa competir e acrescentar valor de diferentes maneiras. Com a ajuda de Phil [personal trainer] e outras pessoas, acho que entendo melhor o jogo do que há 20 anos. Espero que isso tenha algum benefício também. Para mim, é o começo de algo que poderia ser um investimento. E para mim, o termo investimento foi usado em vários artigos e significa diferentes coisas para diferentes pessoas. Para mim, o termo investimento significa, é claro, dinheiro, e eu posso voltar a isso se quiser, mas também significa tempo. E também significa experiência”, acrescentou o avançado norte-americano.

“Jogar é apenas uma parte do objetivo, o objetivo é construir e tornar o Länk num clube especial, integrá-lo na comunidade. Jogar é uma parte disso. Estou a tentar aproveitar o momento. Tudo acontece por uma razão. Talvez não tenha pensado antes, talvez me tenha concentrado em demasia nos negócios e na minha carreira. Nas últimas duas décadas concentrei-me em construir empresas e criar um negócio. Para mim isto é puxar os meus limites. Claro que não estou na condição física que estava quando tinha 25 anos, mas acho que estou mais preparado para fazer isto com 45 anos do que com 35, por razões diferentes”, adiantou, entre uma confidência sobre a possibilidade de Paris Hilton e o seu irmão quererem ver um jogo.

“Acionista, investidor ou jogador? Lancei algumas empresas nos EUA com sucesso, investi em centenas e acho que há muito por onde fazer negócio. Esperamos que, sendo a pessoa mais velha do balneário, mais velho do que o treinador, possa ajudar. É o início de uma jornada. Todas as opções estão na mesa e estou aberto para o futuro. Não deixaria a minha grande vida em Los Angeles e todas as minhas empresas se não quisesse vir para aqui e não fosse sério sobre o que o futuro. O maior objetivo é ficar na Segunda Liga e depois disso vamos falar sobre todos os tipos de vias do futuro. Cada pessoa no balneário tem sido super boa comigo mim. Isto é um pouco ao jeito de Ryan Reynolds, que comprou o Wrexham…”, concluiu.

Reum chegou, treinou e teve logo a oportunidade de fazer a estreia pelo Länk Vilaverdense, entrando aos 86′ para o lugar de Bruno Silva num encontro em que uma derrota valia a descida de divisão. Aconteceu mesmo, com o 1-0 para o Torreense a perdurar até ao final e a equipa de Vila Verde a ser relegada de novo para a Liga 3. No final, entre a tristeza pela despromoção, sobraram também palavras do treinador, Sérgio Machado, que não demoraram a tornar-se virais perante o conteúdo claro para onde apontavam.

“Nos últimos minutos tomei uma decisão não como treinador, mas como o pai deste grupo. A decisão foi difícil mas tive de olhar pelo bem dos meus filhos. Estes últimos dez minutos ajudam muito para que os meus jogadores não voltem a passar pelo que passaram. Não posso alongar-me muito, só posso mesmo dizer que foi difícil. Nunca na minha vida poderia pôr em causa os meus jogadores. Tive de tomar decisões que põem em causa alguns dos meus princípios mas mais importante que os meus princípios é o bem deles”, comentou em declarações na zona de entrevistas rápidas da SportTV, quase que admitindo que o Länk Vilaverdense e os jogadores iriam beneficiar mais a breve e médio prazo a vários níveis com a entrada em campo de Courtney Reum do que se não entrasse e houvesse outro tipo de aposta mais “desportiva”.