[Ouça aqui o trailer do novo Podcast Plus do Observador, “Matar o Papa”]
Eleito em 1978, o Papa João Paulo II, que ao longo do pontificado visitou mais de 140 países e foi aclamado como um dos mais populares líderes católicos de sempre, visitou Portugal pela primeira vez apenas em maio de 1982. E isto dois longos anos depois de ter sido formalmente convidado para isso, pelo então primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão.
Nessa altura, João Paulo II, o primeiro não-italiano em quase 500 anos e o primeiro Papa da história a vir de um país da Europa de Leste, dominada pelo comunismo e por Moscovo, ainda não prestava especial atenção a Portugal.
Ordenado padre em 1946 na Polónia comunista, depois de ter estudado num seminário clandestino, Karol Wojtyla estava especialmente concentrado no lado de lá da Cortina de Ferro, a expressão usada para a fronteira que separava a Europa ocidental do mundo soviético, e em dar voz à chamada “Igreja do Silêncio” — os católicos que viviam no mundo soviético, comunista e ateu.
Ora, Portugal era um país católico há séculos que, ainda para mais, mantinha boas relações com a Santa Sé — estava muito longe de representar uma prioridade.
Mas, em maio de 1981, tudo mudou. João Paulo II foi alvo de uma tentativa de homicídio em plena Praça de São Pedro que o deixou entre a vida e a morte.
Ao recuperar, ainda internado em Roma, apercebeu-se de um facto que recusou encarar como uma coincidência e que o ligou, para sempre, a Portugal e ao Santuário de Fátima: tudo aquilo tinha acontecido no dia 13 de maio, mais ou menos à hora das aparições de 1917 na Cova da Iria, em Portugal.
Se tinha sobrevivido, percebeu o Papa imediatamente, tinha sido graças à intervenção da Virgem de Fátima. Tinha de visitar o país o quanto antes, para agradecer por estar vivo.
O que não lhe poderia passar pela cabeça é que, à sua espera, no Santuário de Fátima, estava o padre espanhol Juan Fernández Krohn — com um plano delineado ao pormenor para o matar.
Uma série que atravessa todo o século XX e revela a história de um dos Papas mais populares de sempre — que ficaria para sempre ligado a Fátima
Este é o ponto de partida do novo Podcast Plus do Observador, que recua a 1982 para revelar toda a história da noite em que um padre espanhol ultra-conservador, obcecado com a infiltração do comunismo na Igreja, tentou assassinar João Paulo II em Portugal — justamente quando o único objetivo do Papa em solo nacional era agradecer ter sobrevivido um ano antes em Roma.
E que conta não apenas a história de um dos Papas mais populares de sempre e do sacerdote que o quis matar e morrer no processo, mas também revela tudo sobre o misterioso segredo, guardado durante décadas nos cofres do Vaticano, que unia estes dois homens — e os conduziu a Fátima, no dia 12 de maio de 1982.
É uma história que atravessa todo o século XX, desde a Primeira Guerra Mundial à queda do Muro de Berlim e da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), e continua a ter ecos na atualidade — por exemplo, foi já neste século, e após a morte de João Paulo II, que um dos homens mais próximos do Papa, seu secretário durante quatro décadas, fez revelações inéditas sobre aquela fatídica noite no Santuário de Fátima.
Para recuperar toda esta história e as suas ramificações, o jornalista João Francisco Gomes, especialista em Religião do Observador, leu as centenas de páginas do processo original do atentado de 12 de maio de 1982 em Fátima e uma série de outros documentos. Fez ainda cerca de uma dezena de entrevistas, com historiadores, teólogos e vários “personagens” que estiveram naquele dia no santuário — incluindo o agente da PSP que salvou a vida do Papa e o próprio Juan Fernández Krohn, hoje com 74 anos, que recebeu a equipa do Observador em Bruxelas, onde vive atualmente.
“Matar o Papa” marca a estreia da segunda temporada dos Podcast Plus do Observador e sucede a “Operação Papagaio”, “O Encantador de Ricos”, “Um Espião no Kremlin”, “Piratinha do Ar” e “O Sargento na Cela 7”.
É uma série para ouvir em seis episódios, narrada pelo ator Pedro Laginha e com banda sonora original de Rodrigo Leão, que conta ainda com a participação especial do ator Adriano Luz, na voz de Juan Fernández Krohn. E que tem estreia marcada já para o próximo dia 13 de maio.
Como habitualmente, vai poder ouvir um episódio novo todas as terças-feiras, não apenas no site e nas redes sociais do Observador mas também em todas as plataformas de podcast.
Se for assinante do Observador não vai ter de ficar à espera: pela primeira vez, logo no dia da estreia, os episódios da série vão estar todos disponíveis no site do jornal.
Entretanto, já pode ouvir o trailer aqui:
As entrevistas e o guião de “Matar o Papa” são do jornalista João Francisco Gomes. A sonoplastia é de Bernardo Almeida, o design gráfico é de Miguel Feraso Cabral e a edição é de João Santos Duarte e Tânia Pereirinha.