O presidente do Instituto Pedro Nunes (IPN), incubadora sediada em Coimbra, defendeu esta sexta-feira uma simplificação do “ambiente regulamentar”, apontando para a burocracia como o principal problema sentido pelas startups portuguesas.

“O problema principal não será a falta de acesso a capital“, mas os custos de contexto, nomeadamente a “dificuldade, complexidade e tempo que se demora a obter autorizações para isto e para aquilo”, afirmou João Gabriel Silva, que falava no arranque da Startup Capital Summit, evento coorganizado pela Universidade de Coimbra (UC), Câmara Municipal de Coimbra e IPN.

Com o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, presente na sessão, o presidente do IPN vincou que o tempo gasto em burocracia “é o obstáculo número um com que as startups se deparam”.

Nesse sentido, João Gabriel Silva apelou ao Governo para “trabalhar com todos os agentes”, por forma a serem encontradas formas de se “ir simplificando o ambiente regulamentar“, que “constrange tantas vezes” as jovens empresas portuguesas.

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Para o também antigo reitor da UC, Portugal, apesar de não ser um país central, pode considerar que, “no essencial, está em pé de igualdade com os outros países”, referindo que as dificuldades sentidas “não são nada intransponíveis”.

Abordando a saída de jovens qualificados do país, João Gabriel Silva chamou a atenção para a contribuição que as empresas tecnológicas e assentes na transferência de conhecimento podem ter no aumento do salário médio nacional, referindo que as empresas que passaram pelo IPN têm um salário médio “2,7 vezes superior ao salário médio nacional”.

O secretário de Estado da Economia reconheceu que as startups “têm surgido como um grande catalisador de mudança” na economia, transformando fileiras e indústrias, considerando que a inovação não deve estar apenas nos processos industriais, mas também “nos modelos de negócio e de governance [gestão] das empresas”.

João Rui Ferreira salientou ainda o papel da transferência de conhecimento como “grande alavanca” para a criação de produtos inovadores e de alto valor acrescentado.

Também presente na cerimónia, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, realçou que o município tem procurado “proporcionar todas as condições” para que os jovens que todos os anos se formam na cidade possam ali desenvolver os seus projetos.

A Startup Capital Summit conta com cerca de 1.300 participantes na sua 3.ª edição.

Segundo o reitor da UC, Amílcar Falcão, o evento tem crescido todos os anos, com startups e empresas a representar 50% das participações registadas este ano, a academia 25% e os restantes 25% distribuídos entre incubadoras, laboratórios, capitais de risco e outras instituições.