Agência Portuguesa do Ambiente (APA) criou um roteiro de adaptação aos perigos climáticos, com recomendações para a elaboração e revisão dos Planos Diretores Municipais e para um ordenamento do território com resiliência climática.
O Roteiro Nacional para a Adaptação 2100 (RNA2100), aborda a situação do país até 2100 em relação a cinco perigos climáticos – a seca, a escassez de água, os incêndios rurais, a erosão costeira e o galgamento e inundação costeira.
Além de um enquadramento da temática das alterações climáticas, dos seus perigos e da forma como o ordenamento do território pode contribuir para a resiliência climática nacional, o documento detalha como os Planos Diretores Municipais podem promover a adaptação aos cinco perigos analisados.
Segundo o RNA2100 os cenários de evolução climática para Portugal até ao final do século XXI apontam para “condições progressivamente mais desfavoráveis” para a atividade agrícola, derivadas da diminuição da precipitação e do aumento da temperatura, para um agravamento da frequência e intensidade dos eventos extremos e para um aumento da suscetibilidade à desertificação.
O Roteiro estima uma redução da disponibilidade de água e da capacidade de rega, a perda de fertilidade do solo e o agravamento da erosão, além de uma acentuada alteração na estrutura e composição da vegetação com consequências para a biodiversidade.
Nas regiões do Norte e Centro Litoral, dominadas por uma floresta mista de folhosas, o documento estima uma diminuição das espécies mais exigentes em humidade, com o aumento da mortalidade das árvores mais velhas e menos resistentes.
As regiões do Minho, Douro Litoral e zonas de montanha poderão ser beneficiadas com um aumento da diversidade biológica.
Mas o aumento da temperatura e os períodos de seca prolongados deverão ser também responsáveis pelo aumento do número de incêndios rurais, principalmente dos grandes incêndios florestais.
“O risco associado a estas ocorrências tem vindo a acentuar-se dramaticamente”, destaca a APA no documento.