A direção do agrupamento a que pertence a escola da Amadora apontada como o palco de supostas agressões violentas contra uma criança de nacionalidade nepalesa abriu um inquérito depois de ter conhecimento de “relatos que indiciavam um episódio de agressão entre dois alunos”, revelou ao Observador o Ministério da Educação, em resposta a questões colocadas, sublinhando que os contornos são totalmente diferentes daqueles que foram denunciados. Em causa estarão as agressões relatadas há dias por Ana Mansoa, diretora do Centro Padre Alves Correia (CEPAC).
“Face às notícias surgidas na comunicação social, o Diretor do Agrupamento tomou conhecimento, no final da semana passada, de relatos que indiciavam um episódio de agressão entre dois alunos, e não de um “linchamento” a envolver “cinco ou seis”, ocorrido em novembro e não há “dois meses””, explica o ministério tutelado por Fernando Alexandre, adiantando que “nenhum dos alunos é de “nacionalidade nepalesa”, nem tem “nove anos””.
“Na sequência destes relatos, a Direção do Agrupamento abriu um processo de inquérito, que ainda decorre”, conclui ainda a tutela.
O caso foi tornado público após Ana Mansoa ter revelado à rádio Renascença um alegado episódio de agressões contra um aluno nepalês numa escola da região de Lisboa — que poucas horas depois o Ministério da Educação fez saber que seria na Amadora, depois de ter questionado a responsável pelo CEPAC.
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A informação agora divulgada pelo Ministério da Educação vai ao encontro daquilo que a PGR divulgou dois dias após as denúncias, quando “confirmou a receção de uma denúncia relacionada com a matéria, esclarecendo-se que dela não consta informação relativa à nacionalidade da vítima”, mas que a mãe não seria nepalesa.
Na versão inicial da história, as agressões teriam ocorrido há cerca de dois meses e teriam sido perpetradas por cinco colegas do estudante nepalês.
De acordo com esse primeiro relato da diretora executiva do CEPAC, todos os alunos seriam menores. Mesmo sem divulgar o nome da escola de Lisboa onde tudo aconteceu, Ana Mansoa afirmou àquela rádio que a direção da instituição apenas resolveu a situação internamente, suspendendo um dos agressores durante três dias.
Além do inquérito aberto pelo Ministério Público e do reforço policial determinado após a denúncia, a ministra do Trabalho e Segurança Social também anunciou ter pedido “à CPCJ [Comissões de Proteção de Crianças e Jovens] que fizesse uma avaliação rápida da situação”. “Vamos aguardar e vamos avaliar a partir daí”, rematou Maria do Rosário Ramalho, em declarações às televisões.