Em condições normais, o regresso a um top 10 em corrida, sobretudo depois de todos os problemas na mota que fizeram com que desistisse em França quando estava na oitava posição, teria de ser uma boa notícia para Miguel Oliveira. Em grande parte, não foi. E o português não escondeu isso mesmo no final do último Grande Prémio da Catalunha, referindo que tinha mais questões para lamentar do que propriamente para celebrar.

O fim de semana começou mal, mas acabou melhor: Miguel Oliveira é 10.º na Catalunha

“A corrida foi difícil, mal consigo encontrar aspetos positivos. A aderência era muito fraca desde o início e, apesar de ter tentado gerir o desgaste dos pneus o melhor possível, ainda derrapava. Terminar em décimo é bom mas ainda assim desapontante, devido ao desempenho que não foi o ideal. Sábado tivemos um problema com o pneu dianteiro, que não me ajudou a evitar a queda, e na prova tivemos pouca aderência na traseira, pelo que foi difícil fazer ultrapassagens e ganhar posições”, assumiu o piloto português, que viu o companheiro de equipa Raúl Fernández acabar num sexto lugar que mostrava até onde podia ter “voado”.

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Agora, na antecâmara de uma paragem de quase um mês na competição com um período de testes pelo meio também em Mugello, Miguel Oliveira regressava a outra pista onde já tinha sido feliz. Foi ali que ganhou no Moto3 e no Moto2, foi ali que terminou na segunda posição em 2021. “É uma das provas mais especiais do ano, no cenário incrível que é a Toscana. O traçado é bastante desafiador, com muitas mudanças de direção, que se tornam complicadas com estas motas pesadas. Há dificuldades em travar para a primeira curva pela alta velocidade que se atinge na reta principal mas é uma pista incrível. Tenho ali grandes memórias graças à minha primeira vitória em Moto3. É um local muito especial”, destacara Miguel Oliveira em declarações aos meios da Trackhouse Racing, ainda antes das primeiras sessões de treinos livres.

Piloto português Miguel Oliveira regressa a pista de “boas memórias” em Itália

“Tenho muita sobrecarga do pneu dianteiro, não devido ao estilo de pilotagem, mas devido a como temos o set up da mota. Temos de encontrar uma solução para tirar peso sem comprometer outras coisas boas que a mota tem. Numa rampa de melhoria, temos ainda alguns percalços pelo caminho. Acredito que o caminho é mais curto do que aquele que tivemos de percorrer desde o início da temporada para encontrar uma boa base. Passamos muito tempo inclinados neste circuito, muito tempo a acelerar com a mota bastante inclinada. Temos de começar o fim de semana a pensar nesse aspeto, perceber que pneus podemos usar, sendo que o tempo vai estar bastante incerto. Correr à chuva é sempre difícil. Neste momento, umas gotas não me faziam mal”, acrescentou mais tarde, neste caso em entrevista à SportTV em Mugello.

Era também por isso que esta sexta-feira era tão importante para o português, não só por uma possível ida direta à Q2 que garantia desde logo uma posição nas quatro primeiras linhas da grelha mas sobretudo para ir percebendo como adaptar a mota ao traçado transalpino. E se a sessão matinal teve sinais positivos logo nas voltas iniciais, com Miguel Oliveira a andar no top 10, a segunda metade mostrou que ainda havia trabalho para fazer da Trackhouse Racing, com o piloto de Almada a ficar com o 17.º registo da manhã, longe da 11.ª posição de Raúl Fernández e ainda um pouco mais longe das duas motas de fábrica da Aprilia, que colocaram os espanhóis Maverick Viñales como o mais rápido e Aleix Espargaró com o sétimo lugar.

Durante um largo período da sessão vespertina, Miguel Oliveira andou nos lugares de top 10 mas, tal como acontecera de manhã, foi caindo na classificação até aos dez minutos finais onde o time lap de todos os pilotos se transforma em laranjas e vermelhos com a melhoria dos tempos. Ao contrário do que aconteceu na Catalunha, onde uma queda de Álex Márquez quebrou todas as últimas voltas lançadas no último minuto, o português arriscou mais cedo e conseguiu subir ao segundo lugar a três minutos do fim (1.45,340), apenas atrás de Pecco Bagnaia que fizera uma volta canhão para a liderança (1.44,938). Álex Rins e Pedro Acosta ainda fizeram tempos melhores mas Miguel Oliveira não só garantiu o Q2 direto como fechou o dia com o quarto registo. O top 10 da qualificação fechou com Marc Márquez, Enea Bastianini, Jorge Martín, Álex Márquez, Maverick Viñales e Aleix Espargaró, com Raúl Fernández a fechar apenas em 16.º (1.45,784).