“Queríamos tanto, tanto matar a série neste jogo 4, queríamos tanto ganhar que se calhar fugimos daquilo que faz de nós uma equipa especial. Talvez tenhamos colocado demasiado pressão em cima de nós sem ter essa necessidade para que tudo fosse perfeito, talvez pensássemos que ia tudo correr como nós queríamos. O Joe [Mazzulla] teve um grande trabalho connosco ao recordar-nos que podemos também sorrir durante a guerra, que podemos divertir-nos mesmo nos momentos de alta pressão”, comentava Jayson Tatum. “Se quero entrar na história dos técnicos campeões pelos Boston Celtics? Isso nunca irá acontecer se não corremos para trás a defender, se não ganharmos ressaltos, se não criarmos o nosso espaço. Isso é sempre o mais importante para qualquer equipa”, acrescentava o técnico Joe Mazzulla antes do encontro.

Depois dos dois triunfos iniciais em Boston, num primeiro jogo em que foi ativado o “rolo compressor” para uma vantagem larga que se criou logo no período inicial e numa segunda partida mais disputada onde só houve a descolagem decisiva depois do intervalo, os Celtics ganharam no Texas no jogo 3 e ficaram apenas a uma vitória do título. A equipa estava apenas a 48 minutos de tornar-se campeã pela 18.ª vez, voltando a ultrapassar os Los Angeles Lakers como conjunto com mais anéis de campeão da NBA. No jogo 4, tudo correu mal e os quase 40 pontos de diferença acabaram por ser curtos para o avanço dos Mavericks.

Entre todo esse mal que aconteceu, Neemias Queta teve a sua oportunidade. Depois de duas épocas nos Sacramento Kings, o poste português assinou pelos Boston Celtics um novo contrato two-way para jogar na equipa da G League (Boston Maine) e ficou depois com um vínculo standard que lhe permitiu entrar na fase dos playoffs. Pela primeira vez um jogador nacional participou num encontro do momento a eliminar da prova, pela primeira vez um jogador nacional teve minutos numa final (5.20, com dois pontos e um desarme de lançamento). Agora, faltava o último objetivo: pela primeira vez um jogador nacional ser campeão, entre muitos elogios que fizera na véspera no jogo 4 aos métodos de trabalho de Joe Mazzulla.

“Sabendo que estamos muito perto de ganhar, tem vindo a ser enfatizado pelo Joe [Mazzulla] que não podemos deixar que a meta final seja algo que nos deixe mover de forma diferente. Temos vindo a fazer um bom trabalho, ganhámos os três jogos de maneira boa mas temos muito a melhorar, não jogámos ainda o nosso melhor jogo e eles vão aparecer aqui ainda com mais energia. Temos de saber lidar com isso. Português na NBA? É muito importante carregar o nome e a bandeira de Portugal, estar neste palco e ser um dos pioneiros. É uma experiência muito enriquecedora para mim. O Joe [Mazzulla] gosta de mostrar muitos desportos, já teve vídeos em que mostrou ténis, boxe, futebol, etc. Mas é à base do contexto. Agora tem vindo a mostrar vídeos de lutas, a dizer que quanto mais perto estamos de dar KO, mais perto estás de levar tu o KO.  No futebol, mostra vídeos de como o Manchester City joga e passa a bola, a rapidez com que joga e marca como equipa. Percebemos todos o que quer implementar para nós”, referiu à ESPN Brasil.

O The Athletic falava em Mazzullaball, explicando ao detalhe como a filosofia do treinador tinha colocado a equipa muito perto do título tendo um modelo de jogo muito complicado de travar pelos seus adversários, o Washington Post destacava esse feito extra que os Boston Celtics tentariam de quebrar a má série de jogos 5 no TD Garden. Antigo adjunto de Ime Udoka, antigo técnico que foi despedido por manter uma relação com uma funcionária do clube (proibida pelas regras internas), o treinador assumiu os Celtics de forma interina em 2022/23 e ficou como principal em 2023/24, lutando pelo primeiro título aos 35 anos. No entanto, e mesmo tendo os números do seu lado (nunca uma equipa que chegasse aos 3-0 perdeu a decisão), faltava ainda esse encontro para confirmar a festa numa época onde foram os melhores da temporada regular.

Agora, no jogo 5, tudo voltou ao “início”: como tinha acontecido no arranque da final, os Celtics tiveram uma entrada a todo o gás no encontro, saíram a ganhar por dez pontos no final do primeiro período (28-18) e duplicaram essa vantagem ao intervalo (57-36) com um parcial de 39-28 no segundo período. A festa estava mais do que preparada, sendo confirmada com um triunfo por 106-88 com 31 pontos, 11 assistências e oito ressaltos de Jayson Tatum, o MVP no regresso de Porzingis aos encontros (Luka Doncic fez 28 pontos e 12 ressaltos e foi o melhor dos Mavericks). Desta vez, e ao contrário da partida anterior, Neemias Queta acabou por não entrar em campo, com a rotação de homens grandes a passar agora por Luke Kornet.

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