Depois do brilharete de Romain Bardet na primeira tirada, a normalidade foi rapidamente reposta. Na segunda etapa, a fuga triunfou pela primeira vez nesta edição da Volta a França, com o francês Kevin Vauquelin, da Arkéa-B&B Hotels, a completar a dobradinha francesa. Nelson Oliveira esteve em destaque, ficando perto da vitória. No pelotão, Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard começaram a dar espetáculo e a amarela acabou por ficar para o esloveno, que está empatado com o dinamarquês, Remco Evenepoel e Richard Carapaz.

Nelson ainda sonhou, Vauquelin ficou com a vaga: segunda etapa do Tour “saiu” à fuga, português fica em 6.º e Pogacar ganha amarela

“Jonas estava mesmo na minha roda e vê-se que está em grande forma. As próximas etapas vão ser interessantes. Lancei um pequeno ataque no topo da última subida também para me testar a mim próprio, não apenas para testar os outros. Teria preferido ir sozinho, mas Remco e Richard não estavam muito atrás e voltaram no último quilómetro. De facto, foi muito renhido e, com o calor, alguns ciclistas sofrem mais do que outros”, disse o corredor da UAE Team Emirates, de João Almeida, no final da tirada.

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Já Vingegaard, também destacou a sua forma física e garantiu que “está de volta”. “Era um dos dias em que esperava perder algum tempo, pelo que ter sido capaz de segui-lo [Pogacar] é uma pequena vitória para mim e estou muito feliz por ter terminado a etapa junto a ele. Este tipo de subidas explosivas já eram mais ao jeito dele [Pogacar] antes da minha queda, por isso agora ainda é mais difícil para mim, pela falta de preparação. Assim, ter conseguido acompanhá-lo diz-me que estou de volta. Acho que estou muito perto do meu nível normal”, garantiu o líder da Visma-Lease a Bike.

Para o terceiro dia estava reservada a última chegada desta 111.ª Cedição em território italiano, numa etapa de praticamente 231 quilómetros que ligou Placência a Turim, local onde os sprinters iriam ter a primeira oportunidade. Curiosamente Turim já tinha sido palco da primeira chegada da edição deste ano do Giro, pelo que a aproximação à região era conhecida por parte do pelotão. A primeira grande novidade desta terceira etapa foi o facto de não se ter formado nenhuma fuga, o que se traduziu num ritmo de corrida mais baixo que o esperado.

A 89 quilómetros do fim apareceu o primeiro sobressalto, com Mark Cavendish (Astana) a sofrer problemas mecânicos. O sprinter, que procurava superar esta segunda-feira o recorde de 34 vitórias de Eddy Merckx, teve de trocar as duas rodas da bicicleta, mas acabou por regressar ao pelotão, que seguiu compacto até aos últimos 66 quilómetros, altura em que Fabien Grellier (TotalEnergies) atacou.

O francês de 29 anos esteve quase 40 quilómetros isolado, mas foi alcançado dentro dos últimos 30 quilómetros da etapa. Pouco depois, Casper Pedersen (Soudal Quick-Step) caiu e ficou arredado do sprint final, à semelhança de Bruno Armirail (Decathlon AG2R La Mondiale). A seis quilómetros do fim, o campeão do mundo Van der Poel (Alpecin-Deceuninck) avariou, foi obrigado a parar e não conseguiu ajudar a lançar Jasper Philipsen.

O final acabou por ficar marcado pelos incidentes de corrida e, a cerca de dois quilómetros da chegada, uma queda de cinco elementos acabou por cortar o pelotão. A discussão da etapa ficou então reduzida a pouco mais de 15 corredores e coube a Mads Pedersen (Lidl-Trek) lançar o sprint. Contudo, o dinamarquês não teve ponta final e acabou ultrapassado por Biniam Girmay, que venceu pela primeira vez uma etapa da Volta a França. Este é ainda o primeiro triunfo de um eritreu e de um negro-africano no Tour, e deu à Intermarché-Wanty a primeira vitória de sempre na corrida francesa. Fernando Gaviria (Movistar) e Arnaud de Lie (Lotto Dstny) fecharam o pódio, à frente de Pedersen.

Quanto à geral, Richard Carapaz (EF Education-Easypost) chegou em 14.º e assumiu a liderança, embora continue a partilhá-la com Pogacar, Evenepoel e Vingegaard. Nelson Oliveira, Rui Costa e João Almeida ficaram cortados, mas chegaram com o mesmo tempo do vencedor.