O governo argentino oficializou na segunda-feira o encerramento da agência de notícias oficial Télam e a transformação desta numa agência estatal de publicidade e propaganda.
A Télam “deixará de operar, como tem feito desde a criação, em serviços jornalísticos e como agência de imprensa”, lê-se no boletim oficial.
A partir de agora, a agência fundada em 1945 “vai centrar as atividades na nova orientação estratégica da empresa, que consiste em operar como agência de publicidade e propaganda“.
A nova Agência de Publicidade do Estado (Agencia de Publicidad del Estado – APE) vai ser responsável pelo “desenvolvimento, produção, comercialização e distribuição de material publicitário nacional e/ou internacional”, de acordo com o texto.
Continuamos a nossa luta para defender os empregos e o papel social dos meios de comunicação públicos, que este governo pretende destruir”, reagiram, num comunicado de imprensa, o sindicato da imprensa de Buenos Aires (SiPreBA, na sigla espanhola) e um grupo de funcionários da Télam.
No início de março, o governo ultraliberal do primeiro-ministro argentino, Javier Milei, suspendeu as atividades da Télam e bloqueou o acesso aos edifícios da agência pública em Buenos Aires.
Milei alegou que a agência tem sido “usada nas últimas décadas como uma agência de propaganda kirchnerista”, em referência à ex-presidente peronista (centro-esquerda) Cristina Kirchner.
Fundada em 1945 pelo antigo presidente Juan Domingo Perón, então secretário do Trabalho e Previdência Social, a Télam empregava 700 pessoas e distribuía diariamente cerca de 500 notícias nacionais, 200 fotografias e ainda conteúdo de vídeo e rádio.
Cerca de 30% dos funcionários aceitaram uma oferta de reforma voluntária e espera-se que outros sejam integrados na nova APE.
Em 2018, a presidência liberal de Mauricio Macri despediu cerca de 40% dos funcionários da Télam, mas os tribunais ordenaram posteriormente a reintegração da maioria.