Numa audição parlamentar, Dalila Rodrigues disse que remeteu à Inspeção-Geral das Atividades Culturais uma denúncia anónima que tomou conhecimento sobre a conduta de João Soalheiro em relação aos trabalhadores do Património Cultural IP.

“Surpreendeu-me e condeno a metodologia. (…) O que é descrito é grave, no sentido no excesso de palavras, de alguma atitude que não se articule com as condutas que possamos reconhecer como adequadas”, disse.

Em causa está uma carta, enviada à Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na qual trabalhadores daquele instituto público denunciam, segundo a deputada do Bloco de Esquerda, Joana Mortágua, “coisas muito, muito graves do ponto de vista de direitos laborais de relação hierárquica entre chefias e trabalhadores”.

“São denúncias graves, de substituição de chefias, de autoritarismo, de ameaças com procedimentos disciplinares, de intimidação”, disse a deputada.

João Soalheiro foi nomeado pela ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, para substituir o arquiteto João Carlos dos Santos na direção do instituto público Património Cultural.

“O dr. João Soalheiro foi nomeado por mim a partir do seu currículo. Interessava-me um profissional com esse perfil e experiência porque a exoneração do antigo diretor da DGPC e a sua substituição exigiam”, disse Dalila Rodrigues.

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No entanto, reconheceu que “é preciso assumir o princípio das averiguações” e que não admite “a arrogância no exercício do poder político”.

João Soalheiro é doutorando em Letras, área de História Medieval, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, tendo sido diretor da Direção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo e subdiretor-geral da Direção-Geral do Património Cultural.

A sua nomeação aguarda ainda formalização com publicação em Diário da República.

Dalila Rodrigues esteve na Assembleia da República na primeira audição parlamentar enquanto ministra da Cultura, no seguimento de requerimentos apresentados pelo Chega, sobre a eventual devolução de obras de arte às ex-colónias portuguesas, e pelo PS, sobre as exonerações e nomeações de responsáveis pelo património cultural.