Vítor Almeida, que recusou o convite para presidir o INEM uma semana depois de ter aceitado assumir o cargo, explicou, em declarações à RTP, que enviou uma carta a exigir “garantias imprescindíveis” e que a ministra não as conseguiu assegurar, pelo que decidiu dar um passo atrás.

A falta de explicação para a demissão do presidente do INEM, Luís Meira, a notícia do Expresso que dava conta de que o sindicato suspeitava de ilegalidades e que o socorro podia estar em risco e a notícia de que o ajuste direto de helicópteros iria chumbar no Tribunal de Contas — tudo isto foram alertas que levaram Vítor Almeida a pedir garantias ao Governo.

“Escrevi uma carta a exigir garantias imprescindíveis para poder assumir o cargo nem que seja por um dia, a garantia e proteção jurídica caso o Tribunal de Contas chumbe o ajuste direto, de forma a que não se comprometa o socorro em Portugal; o reforço das verbas [como] imprescindível; e perceber como é que se dá uma demissão de alguém que possa ter cometido alguns erros mas que tem a versão dele, porque a demissão não está esclarecida”, afirma em declarações à RTP, para logo rematar: “A ministra não me conseguiu dar as garantias.”

Aos olhos de Vítor Almeida, “o sistema integrado de emergência médica está numa crise profunda que começa no INEM, passa por toda a resposta de emergência médica e passa pelos hospitais”. “Tudo o que é a proteção do português, para que uma morte seja evitável, está neste momento numa profunda crise, o sistema está a colapsar”, alerta o médico anestesista.

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Sublinhando que não tem medo de desafios e que tem um “percurso limpo”, Vítor Almeida considera que “quem lidera o instituto tem de ter a garantia de segurança de que não acontece o que aconteceu com o anterior presidente do INEM, na versão dele, para que se possa sentir seguro a tomar decisões”.

E acrescentou ainda que “estes problemas não surgem de agora e precisam de uma solução estrutural no curto prazo e a médio prazo com soluções mais profundas” — concordando com o diagnóstico do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, de que “o estado em que o Instituto Nacional de Emergência Médica foi deixado pelo governo anterior é um estado dramático: falta de recursos, falta de condições legais e contratuais para os meios essenciais operarem”.