João Almeida é um dos ciclistas do momento. Depois de ter liderado a Volta a Itália de 2020 durante 14 dias e conquistado o pódio e a camisola da juventude na edição do ano passado, o português estreou-se na Volta a França com o objetivo de ajudar Tadej Pogacar a reconquistar a prova e, caso fosse possível, terminar no top 5. Ao cabo de duas semanas, o português é quarto, o melhor resultado de um ciclista português na Grande Boucle desde 2014, com Tiago Machado (terceiro no final das nove etapas iniciais).

Com o ciclismo português num dos pontos mais altos da sua história, apoio não tem faltado ao corredor de A dos Francos em terras francesas. São muitas as bandeiras portuguesas e as camisolas de clubes que se vão vendo ao longo das transmissões da prova. O apoio é de tal forma ensurdecedor que atravessa fronteiras e surpreende os companheiros de equipa.

No mais recente vídeo da série de bastidores da UAE Team Emirates relativo ao Tour, intitulada The Tour Tapes, a equipa recordou a etapa de sexta-feira, que terminou em Pau e contou com muito apoio ao Bota Lume. No excerto do vídeo, o espanhol Marc Soler aparece a conversar com Almeida e Tadej Pogacar durante uma refeição. A dada altura elogia o apoio ao português, relembrando o áudio que gravou para enviar para a sua… mulher. “Portugal allez”, escuta-se no áudio e de Soler, que se juntou ao movimento e reproduziu os cânticos.

[Veja o vídeo do momento entre Marc Soler e João Almeida]

Em jeito de brincadeira, o gregário da Emirates aproveitou para comparar João Almeida a… Cristiano Ronaldo. “Cristiano Ronaldo, depois João Almeida e por fim os irmãos Oliveira”, partilhou Soler, referindo-se ainda aos seus colegas Ivo e Rui Oliveira, que não se encontram no Tour.

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João e as famosas Almeidadas: “É uma das coisas que me define”

O corredor de 25 anos aproveitou o dia de descanso para dar uma entrevista ao jornal Marca, tendo sido confrontado com a sua forma de correr. Na etapa de domingo, o português descolou do grupo principal na fase inicial da subida, colocou o seu ritmo e chegou na quinta posição, conseguindo uma recuperação notável.

“Foi muito dificil. Fomos rápido o dia todo. Fiquei em quinto lugar a quase cinco minutos. Tadej [Pogacar] e [Jonas] Vingegaard iam muito rápido. Tento ajudar o Tadej o máximo que posso, e é para isso que estamos aqui. É uma subida muito difícil, muito regular e no final são as pernas que mandam. Vingegaard podia atacar, mas acho que o Tadej ia vencer de qualquer maneira porque estava muito forte”, partilhou o português.

Questionado sobre as famosas Almeidadas, João garantiu que foi sempre assim ao longo da carreira. “Ou tens ou não tens [calma], é um pouco parecido com o que tu és. Sempre fui assim desde sempre e é uma das coisas que me define. No final das contas é uma questão psicológica. Considero-me psicologicamente forte, resistente e acho que essa é uma das minhas vantagens”, analisou.

O português garantiu ainda que “será muito difícil” lutar pelo pódio e disse ser “quase impossível” vencer um Tour que conta com Pogacar em prova. “Posso melhorar muito, há muitas coisas que ainda posso melhorar, mas acredito que estar ao nível que eles estão agora não se consegue da noite para o dia”, partilhou. Quanto à relação com Juan Ayuso, Almeida considerou “normal” o que aconteceu no Galibier.

Em relação à Vuelta, que começará em Portugal e contará com o português, João Almeida sublinhou que a liderança da Emirates será partilhada com Adam Yates. “O plano é irmos nós os dois. Temos que recuperar bem do Tour, mas acho que chegarei bem e tentarei lutar pela corrida”, concluiu.