A Federação Nacional da Educação (FNE) criticou esta quinta-feira a proposta do Governo para combater a falta de docentes nas escolas por se focar muito nos mais velhos, considerando “ilusório imaginar que todas estas medidas irão resolver a falta de professores”.
À saída da reunião com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação sobre as medidas do Plano +Aulas +Sucesso, o secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, mostrou-se descontente com o encontro, começando por dizer que não houve tempo para debater todas as medidas do plano: “Uma hora é pouquíssimo tempo para debater a proposta”.
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Sobre o projeto “+ Aulas + Sucesso”, João Barreiros defendeu que faltava acrescentar “+ investimento, + valorização e + juventude”.
“O recurso a professores aposentados e em fim de carreira não deverá ser a principal ou única resposta para a falta de professores”, disse o representante da federação, defendendo que os profissionais mais velhos deveriam ser um “recurso mais pontual, quando todos os outros mecanismos estão esgotados”.
“Será ilusório imaginar que todas estas medidas irão resolver a falta de professores neste ou no próximo ano letivo. O número de professores que se aposentam anualmente e o número dos que se formam anualmente não dá resposta às nossas necessidades”, alertou Pedro Barreiros, lembrando que seria preciso ter três ou quatro mil novos professores a sair das universidades todos os anos.
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A proposta do Governo prevê a atribuição de bolsas aos alunos que ingressem em ciclos de estudos conducentes ao grau de licenciado em Educação Básica e ao grau de mestre, devendo estes depois concorrer nos três anos seguintes à conclusão dos ciclos de estudos.
Das quatro propostas que a FNE conseguiu abordar com a equipa ministerial, Pedro Barreiros diz que a federação “nunca concordará” com o aumento das atuais cinco para dez horas extraordinárias, tendo ficado no ar a hipótese de se vir a aumentar apenas para seis horas semanais.
A proposta prevê a distribuição de serviço docente extraordinário, até ao limite de dez horas semanais, em grupos de recrutamento deficitários ou em escolas carenciadas.
O Governo quer também contratar docentes aposentados ou reformados, tendo definido um acréscimo remuneratório mensal de 750 euros para os que adiem a reforma.
O secretário-geral da FNE revelou ainda que as reuniões sindicais vão continuar na próxima semana para debater o plano que foi apresentado pelo Governo como tendo como objetivo reduzir em 90% o número de alunos sem aulas.
Depois da FNE, entrou a comitiva da Federação Nacional de Professores (Fenprof) para a reunião, estando ainda agendadas para esta quinta-feira reuniões com as restantes dez organizações sindicais representativas dos professores.