O eurodeputado eleito pela Aliança Democrática (AD), Sebastião Bugalho, foi impedido de entrar na Venezuela esta sexta-feira, onde ia acompanhar (e não observar) as eleições presidenciais do próximo dia 28 de julho. Juntamente com uma comitiva que ia em representação do Partido Popular Europeu (PPE), o político português já embarcou rumo a Madrid.

Em declarações à Rádio Observador, Paulo Cunha, o número dois da lista da AD nestas eleições europeias, confirmou esta sexta-feira à noite que “restará à delegação regressar ao ponto de partida”, neste caso, a capital espanhola. “Condenamos veemente esta decisão”, frisou ainda o social-democrata, acrescentando que a comitiva tinha como intenção “criar condições para que o ato eleitoral decorresse com normalidade”.

Numa nota assinada por Paulo Cunha, enviada ao Observador este sábado de manhã, lamenta-se a forma “como a comitiva em que se encontrava o eurodeputado Sebastião Bugalho foi tratada pelas autoridades venezuelanas”. “O impedimento da entrada dessa comitiva no país, quando se tratava de uma visita realizada no quadro de um convite de forças políticas na oposição — mesmo que coincidindo com a realização de um acto eleitoral — é condenável, lamentável e merecedor de repúdio público.”

Lembrando que Sebastião Bugalho é vice-coordenador dos assuntos externos do PPE e porta-voz desta delegação, o chefe da comitiva portuguesa do PSD destacou que este “ato injustificado e arbitrário realizado pelas autoridades venezuelanas desrespeita o mandato dos deputados eleitos, a presidência do grupo parlamentar do PPE e, em última instância, o Parlamento Europeu e a União Europeia”.

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Segundo escreveu Pedro Urruchurtu Noselli no X— um dos membros da campanha da líder da oposição, María Corina Machado —, o regime de Nicolás Maduro proibiu a “entrada na Venezuela composta por membros do Partido Popular de Espanha, assim como do Partido Popular Europeu”, que eram “convidados pela oposição democrática” para observar estas eleições.

Para além de Sebastião Bugalho, que ia em representação do Partido Popular Europeu, foram impedidos de entrar na Venezuela outros nove políticos, entre eurodeputados, deputados e senadores espanhóis, que iam a convite da oposição venezuelana.

Alberto Núñez Feijóo, presidente do Partido Popular espanhol, escreveu no X que grupo de deputados ficou “retida no aeroporto de Caracas pelo regime de Maduro” esta sexta-feira. O líder da oposição de Espanha exigiu a “libertação imediata” e pediu ao governo de Espanha para utilizar os “meios necessários” para esse fim.

O líder do PP entrou “em contacto” com María Corina Machado, sinalizando que o regime de Nicólas Maduro “tem medo” da oposição.

Também o Presidente do Panamá José Raúl Mulino denunciou esta sexta-feira que um avião que transportava vários ex-chefes de Estado que viajavam para a Venezuela para participar como observadores nas eleições de domingo foi impedido de levantar voo.

“O avião da Copa [Airlines] que transportava a [antiga] Presidente Moscoso e outros ex-Presidentes para a Venezuela não foi autorizado a levantar de Tocumen, enquanto permanecessem a bordo, devido ao bloqueio do espaço aéreo venezuelano”, adiantou o chefe de Estado do Panamá na sua conta na rede social X.

Delegação do PP impedida de entrar na Venezuela critica Sánchez

A delegação de eurodeputados, deputados e senadores do PP espanhol que foram impedidos de entrar na Venezuela criticou o Governo do socialista Pedro Sánchez e a postura do ex-primeiro-ministro socialista Zapatero face ao governo venezuelano.

Os nove parlamentares do PP aterraram em Madrid depois das 08h00, no horário local (07h00 em Lisboa). “Observámos uma ditadura que apodrece e cai”, afirmou em declarações aos jornalistas o eurodeputado Esteban González Pons, responsável pelos assuntos internacionais do PP.

O líder do PP explicou que viajavam três grupos diferentes — uma do Parlamento Europeu, outra do Congresso e outra do Senado — em resposta a “convites formais” da oposição venezuelana para “acompanhá-los” nas eleições presidenciais de domingo.

Não iam como “observadores internacionais”, o que, segundo a legislação venezuelana, exige o reconhecimento como autoridade eleitoral, sublinhou González Pons, indicando que informou da viagem tanto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros como ao embaixador espanhol em Caracas e aos embaixadores da Venezuela em Bruxelas e Madrid.