O presidente da Junta de Benfica ameaçou esta quinta-feira rescindir o contrato com a Câmara Municipal de Lisboa de remoção do lixo junto das ecoílhas caso o vereador da Higiene Urbana “não se retrate das afirmações” proferidas na reunião camarária.

Na reunião pública do executivo municipal, realizada na quarta-feira nos Paços do Concelho, Ângelo Pereira, que tem o pelouro da Higiene Urbana, lembrou que as 24 juntas de freguesias da cidade têm responsabilidade em “tirar o lixo da rua” e não o fazem, dando o exemplo de Santa Maria Maior e Benfica, referindo também que esta é, igualmente, uma questão de civismo.

“Foi um momento, espero eu, de mera distração ou descuido por parte do vereador Ângelo Pereira (PSD), com acusações graves às juntas de freguesia citando duas, entre as quais Benfica, com um conjunto de inverdades”, começou por explicar Ricardo Marques (PS) em declarações à Lusa.

Para o autarca, “se não houver retratação por parte do vereador” quanto às acusações, vai rescindir o contrato e devolver a competência à Camada de Lisboa.

De acordo com o presidente da junta de Benfica, existem dois contratos de delegações de competências da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para as juntas de freguesia para que estas “apoiem, sejam complementares, à recolha de resíduos da CML”.

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Segundo Ricardo Marques, o contrato que Ângelo Pereira falou durante a reunião diz respeito àquele que “transfere para as freguesias a recolha de lixo colocada indevidamente à volta das ecoílhas enterradas”, além de ter estipulado também os meios de recolha (quatro pessoas e um carro).

O responsável adiantou que em Benfica existem “cerca de 40 ecoílhas enterradas” e que o contrato com a autarquia é de cerca de “100 mil euros anuais”, avançando que o valor atribuído varia consoante a taxa turística da freguesia.

Ricardo Marques frisou igualmente que a junta de Benfica “não recolhe só à volta das ecoílhas, mas também recolhe à volta dos vidrões, dos sítios de recolha de roupa, das caldeiras, das árvores“.

“São 96 pontos de recolha diários que são feitos em três rondas quando estava prevista uma rota diária. Extrapolamos em muito aquilo que está contratualizado e com dinheiros próprios“, afirmou.

Os vereadores de PS e BE na Câmara de Lisboa acusaram na reunião pública a liderança PSD/CDS-PP de “incompetência” quanto ao problema do lixo, tendo o presidente do executivo afirmado que a situação “era absolutamente inaceitável” na gestão municipal anterior.

O lixo continua a acumular-se em todas as ruas da cidade, à porta de cada um dos lisboetas, nas imediações do comércio, dos bares e discotecas”, afirmou a vereadora do PS Inês Drummond, acusando PSD/CDS-PP de “incompetência e incúria” na área da higiene urbana, ao “ignorar” o que considerou ser um dos maiores problemas de funcionamento da capital.

Na reunião, a socialista disse que o lixo acumulado tem originado o surgimento de pragas, ratos e baratas, com mau cheiro a alastrar-se pela cidade, referindo que a qualidade de vida dos lisboetas se degrada todos os dias e criticando a “indiferença” do presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), quanto a este problema.

Considerando que falta planeamento, organização e compromisso por parte de PSD/CDS-PP, a vereadora socialista lembrou que a recolha de lixo é um serviço custeado pelos lisboetas na fatura da água e pelos turistas com a taxa turística.

Por seu turno, o vereador Ângelo Pereira disse que “nunca nenhum presidente fez tanto pela higiene urbana como este presidente, a nível dos recursos humanos, a nível dos equipamentos, a nível de campanhas de sensibilização”, reconhecendo que, apesar disso, “não é o suficiente” e é preciso “fazer mais”.

Ângelo Pereira lembrou que as juntas de freguesias têm responsabilidade nesta área, porque “recebem milhares de euros para tirar o lixo da rua e não tiram o lixo da rua“, e referindo que esta é também uma questão de civismo.

“A solução está em todos, se fazemos politiquice com isto ou trabalhamos em conjunto”, disse.