O Governo português insistiu esta quinta-feira na necessidade de verificação das atas das eleições presidenciais venezuelanas, realizadas no domingo passado, e pediu diálogo político e respeito pela liberdade de manifestação.

Numa publicação na rede social X, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse que falou na quarta-feira com a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, sobre a situação política na Venezuela.

Insistimos na necessidade de verificação dos originais das atas eleitorais, na moderação e diálogo político e na abstenção de repressão da liberdade de manifestação”, escreveu o chefe da diplomacia portuguesa.

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Já na segunda-feira, Lisboa tinha pedido a verificação imparcial dos resultados das eleições presidenciais, nas quais o Presidente Nicolás Maduro reclamou vitória, que está a ser contestada pela oposição e por manifestações nas ruas da Venezuela, algumas reprimidas com violência e mais de mil detidos.

Na posição divulgada no início da semana, também através da rede X, o ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português saudou a participação popular e considerou “ser necessária a verificação imparcial dos resultados eleitorais na Venezuela”.

Só a transparência garantirá a legitimidade; apelamos à lisura democrática e ao espírito de diálogo. Acompanhamos sempre a comunidade portuguesa” — estimada em cerca de 600 mil pessoas —, sublinhou o MNE.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou que o Presidente cessante, Nicolás Maduro, foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,20% dos votos.

Maduro obteve 5,15 milhões de votos, à frente do candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, que obteve pouco menos de 4,5 milhões (44,2%), de acordo com os números oficiais anunciados pelo presidente do CNE, Elvis Amoroso.

A oposição venezuelana reivindica a vitória nas eleições presidenciais de domingo, com 70% dos votos, disse à imprensa María Corina Machado.

O candidato da principal coligação da oposição – a Plataforma Democrática Unida (PUD) – Edmundo Gonzalez Urrutia, obteve 70% dos votos, afirmou a líder opositora, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.

María Corina acusou na quarta-feira Nicolás Maduro de escolher o caminho “da repressão” após “a sua derrota” nas eleições presidenciais.

“Propusemos ao regime que aceite democraticamente a sua derrota e avance com a negociação para assegurar uma transição pacífica; no entanto, optaram pela via da repressão, da violência e da mentira”, escreveu María Corina Machado, principal apoiante do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, na rede social X.

A ex-deputada pediu aos venezuelanos que se mantenham “ativos e firmes” e se mobilizem para “fazer valer a verdade”.

O Centro Carter, que participou como observador nas eleições, disse na terça-feira que o processo “não se adequou” aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e, por isso, esta “não pode ser considerada uma eleição democrática”.