A primeira fase do projeto da Endesa para a reconversão da antiga central a carvão do Pego, em Abrantes, está em consulta pública até 8 de agosto, no âmbito da avaliação de impacte ambiental de um parque eólico.
Questionada pela Lusa, fonte oficial da Endesa, empresa de energia que vai explorar a antiga central a carvão do Pego, em Abrantes (Santarém), disse sexta-feira que “o projeto global do Pego está na fase de tramitação ambiental”, tendo sido “entregues os quatro Estudos de Impacte Ambiental (EIA) na Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”, referentes a cada um dos quatro blocos de investimento, e iniciado a consulta pública de um deles, referente ao denominado parque eólico de Aranhas.
“Devido à sua natureza híbrida, incluindo tecnologias eólica, solar e de armazenamento com baterias, e à sua dimensão, com mais de 600MW de capacidade a instalar, a Avaliação Ambiental do projeto do Pego foi fracionada em quatro blocos”, indicou fonte da empresa.
A consulta pública do processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) do primeiro bloco do Projeto de Transição Justa da Endesa no Pego, indicou, “corresponde ao Parque Eólico de Aranhas”, situado no território de Abrantes e Chamusca.
“Este parque terá uma capacidade de até 244 MW e uma produção anual de mais de 500 GWh, equivalente ao consumo doméstico de 350 mil pessoas. O Projeto do Parque Eólico de Aranhas, e a respetiva ligação ao Posto de Corte do Pego, situa-se predominantemente nos concelhos de Chamusca e de Abrantes”, acrescentou.
A fonte oficial da multinacional espanhola disse ainda à Lusa que “os restantes três blocos de projetos” incluídos no Projeto de Transição Justa da Endesa no Pego “serão submetidos a Consulta Pública ao longo dos próximos meses”.
O projeto, declarou, “está a decorrer de acordo com o calendário previsto”, mantendo a previsão de operacionalização em 2027.
O projeto da Endesa para o ponto de injeção na rede do Pego vai contar com duas centrais eólicas e cinco centrais solares, com o Estudo de Impacte Ambiental (EIA), em consulta pública na página participa.pt, a indicar os impactos ambientais previstos e a precisar a localização das centrais, entre outras informações.
Depois do fecho da central térmica do Pego em 2021, a Endesa, através da sua filial Endesa Generación Portugal, venceu em 2022 o concurso público de transição justa do Pego com um projeto que combina a hibridização de fontes renováveis e o armazenamento naquela que será a maior bateria da Europa, com iniciativas de desenvolvimento social e económico na região.
“A Endesa está a trabalhar num plano no qual envolveu todos os agentes locais, estudando e analisando as suas necessidades, e desenvolvendo com sucesso um plano de crescimento económico e social na região de implantação do projeto de Transição Justa do Pego”, pode ler-se na resposta da Endesa às questões enviadas pela Lusa.
Neste plano, indica, “incluem-se, entre outras, as iniciativas “Escola Rural de Energia Sustentável”, lançada em 2023, através da qual a Endesa já formou mais de 300 alunos na região, em 17 cursos, e o projeto “Apadrinha uma Oliveira”, responsável, até hoje, pela “criação de cinco postos de trabalho diretos permanentes”, e pela “recuperação de 2.500 oliveiras abandonadas”.
Com o fecho da central a carvão do Pego, em 30 de novembro de 2021, a companhia obteve em 2022, em concurso público para reconversão da central de produção de energia, um direito de ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP) de 224 MVA para a instalação de 365 MWp de energia solar, 264 MW de energia eólica, com armazenamento integrado de 168,6 MW, e um eletrolisador de 500 kW para a produção de hidrogénio verde.
O projeto prevê um investimento de 600 milhões de euros, a reconversão profissional de 2.000 pessoas e a criação de 75 postos de trabalho diretos, sendo que o compromisso é dar preferência e integrar os trabalhadores da antiga central a carvão.
A Endesa é a maior elétrica espanhola e a segunda na distribuição de gás em Espanha.