Despontou no Famalicão. Deu o salto para o FC Porto. Conquistou Sérgio Conceição. Acabou a treinar à parte do plantel principal. O último ano de Iván Jaime dava para uma longa novela, daquelas que terminam com um final feliz, como não podia deixar de ser. Contratado ao Famalicão por 10 milhões de euros e depois de ter sido eleito o melhor jovem do Campeonato Nacional, o espanhol parecia ter conquistado o treinador no início da época transata.

Jovem, destemido, forte nos duelos individuais, rápido, eficaz em frente à baliza e com uma técnica fora do normal, estavam reunidos todos os ingredientes para Iván Jaime ser uma estrela no plantel do FC Porto. Nos primeiros jogos foi opção a partir do banco, com Sérgio Conceição a justificar a aposta no espanhol. Sem conseguir grandes exibições, Iván lá conseguiu a titularidade, embora não se tenha conseguido estabelecer no onze inicial.

De Galeno a Iván, o novo legado do dragão é continuar a “rebentar” com eles (a crónica da Supertaça)

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Contudo, tudo mudou após a 24.ª jornada do último Campeonato. No jogo em casa frente ao Famalicão, os dragões não conseguiram mais do que o empate (2-2). No final, Conceição mostrou-se irredutível com a perda de dois importantes pontos e afastou quatro jogadores do plantel principal: André Franco, Jorge Sánchez, Toni Martínez e, claro, Iván Jaime. Foram apontados vários motivos para essa decisão, como a falta de empenho e de profissionalismo dos atletas.

No caso do espanhol, as razões foram outras. No entender da equipa técnica, Jaime não tinha a atitude certa para representar os dragões e, depois desse jogo, terá chegado ao centro de treinos do Olival a rir. Para além disso, Conceição não gostou do seu desempenho nos treinos desde que chegou ao emblema da cidade invicta, apresentando 12% de massa gorda após as férias de verão, número acima do exigido.

A chegada de André Villas-Boas à presidência do FC Porto também teve impacto no futuro de Iván Jaime. Com a saída de Sérgio Conceição e a passagem de Vítor Bruno para o comando principal, o impasse que existia entre o clube e o jogador foi resolvido. O novo treinador recuperou os jogadores afastados, lançou-os na pré-temporada e Jaime chegou a ser titular nos últimos desafios.

Na antevisão à Supertaça, Vítor Bruno teceu rasgados elogios a Iván Jaime e destacou o seu comportamento nos treinos. “Não são os golos que são a magia do futebol. Gosto de fazer uma análise mais abrangente, que toque em vários pontos do jogar da equipa. [Os jogadores] têm tido dose industrial de compromisso, quer o Iván Jaime, quer o Toni Martínez, quer o Galeno… Todos têm tido um comportamento exemplar e enquanto a atitude diária der esses indicadores, para mim está tudo bem”, partilhou o técnico.

Na Supertaça, o avançado ganhou preponderância. Saltou do banco aos 63 minutos para o ataque, fez nove passes, ganhou dois duelos, sofreu uma falta, fez um desarme e, aos 101 minutos, apontou o golo da vitória, num remate que tinha 1% de hipóteses de entrar, segundo o GoalPoint. No final do encontro, lembrou aqueles que o apoiaram… e aqueles que o “prejudicaram”. “Passei por momentos não muito fáceis, sei o que passei e agradeço ao meu pai e à minha mãe, que foram as pessoas que sofreram mais. Agradeço também a quem me apoiou e também a quem me tentou prejudicar. Digo obrigado porque hoje sou a pessoa e o jogador que sou também por causa disso”, partilhou.

Sem nunca referir o nome de Sérgio Conceição, a última semana foi um tanto ou quanto conturbada para Jaime. Depois de ter marcado frente Al Nassr, o espanhol festejou exibindo um sorriso. Depois da partida, fez uma publicação na rede social Instagram com o mesmo sorriso, especulando-se que as mensagens seriam dirigidas ao ex-treinador devido ao afastamento. Especulações à parte, o sorriso de Iván Jaime parece ter vindo para ficar.

O festejo de Iván Jaime contra o Al Nassr

EPA