A justiça chumbou uma providência cautelar apresentada por três associações contra o projeto de expansão da linha Vermelha do Metro de Lisboa, que vão agora esperar pela reavaliação do projeto anunciada pelo Governo, sem avançar com mais processos.

Zero defende expansão faseada do Metropolitano de Lisboa para se evitar perda de fundos

Em declarações à Lusa, Paulo Ferrero, da associação Fórum Cidadania Lx — uma das três associações que apresentaram a providência cautelar contra a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Metropolitano de Lisboa relativamente ao projeto de prolongamento da linha (entre São Sebastião e Alcântara) —, disse que não preveem apresentar novos processos em tribunal.

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“Em termos de justiça já não há meio de recorrer. Pode-se dizer que aquela [providência cautelar] está perdida. Nós, em princípio, não vamos avançar. Poderá eventualmente depois haver uma providência cautelar quando for montado o estaleiro da obra, porque aí o projeto já estará em execução”, explicou.

Em novembro de 2022, a Fórum Cidadania Lx apresentou a medida judicial de contestação em conjunto com a Quercus — Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Casa de Goa – Associação de Goa, Damão e Diu.

A providência cautelar deu inicialmente entrada no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa, solicitando a “suspensão de eficácia da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) emitida pela APA” em agosto daquele ano.

A decisão de chumbo pelo Tribunal Central Administrativo do Sul, após recurso da decisão da primeira instância, foi avançada esta quinta-feira pelo jornal Público.

Os requerentes da providência cautelar consideram que o projeto de prolongamento da linha Vermelha “é ilegal por violação dos instrumentos de gestão territorial em vigor na área percorrida pelo traçado proposto”, nomeadamente o Plano Diretor Municipal (PDM) de Lisboa e o Plano de Urbanização (PU) de Alcântara.

As associações entendem ainda que o projeto viola os regimes jurídicos da classificação de arvoredo de interesse público (lei n.º 53/2012) e de gestão do arvoredo urbano (lei n.º 59/2021), no que diz respeito ao Jardim da Parada, na freguesia de Campo de Ourique, em que “há por parte do Metropolitano de Lisboa uma completa ausência de estudos razoáveis e criteriosos em relação ao valor e sensibilidade” deste espaço verde, inclusive o abate de seis árvores/lódãos, que “é proibido”.

Paulo Ferrero disse que a decisão do Tribunal Central Administrativo do Sul, datada de junho, “dá um entendimento diferente ao apresentado pelas associações” no sentido em que “a DIA impactava num estudo prévio e não no projeto”.

Desta forma, referiu, a obra ainda poderá vir a ter as alterações defendidas pelas associações, nomeadamente um recuo no local das estações de Campolide e a que irá ficar por debaixo do Jardim da Parada, em Campo de Ourique.

O Governo anunciou esta semana que vai reapreciar projetos em risco de não serem concluídos no prazo estimado, nomeadamente a obra do Metropolitano de Lisboa, para evitar perder verbas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O nosso objetivo é maximizar o retorno daquilo que são os dinheiros PRR e, naturalmente, reorganizar aquilo que houver que reorganizar, e que a União Europeia nos dê abertura a projetos de investimento que possam ser realocados, para não perdermos as verbas que temos”, afirmou, em Faro, o secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis.

O financiamento do PRR prevê um investimento no Metropolitano de Lisboa de 400 milhões de euros para a expansão da linha Vermelha, de São Sebastião até Alcântara, e 250 milhões de euros para a nova Linha Violeta (metro ligeiro de superfície), que ligará o Hospital Beatriz Ângelo por Odivelas a Loures, num total de 650 milhões de euros.