Duas plataformas de partidos guineenses, que representam cerca de 95% dos deputados no parlamento, anunciaram esta segunda-feira em Lisboa que vão convocar “manifestações populares” na Guiné-Bissau para resistir “à contínua violação da Constituição pelo Presidente Sissoco Embaló”.

“Trata-se de encetar uma luta em conjunto para salvar a democracia na Guiné-Bissau”, explicou Nuno Nabiam, coordenador-geral do Fórum para a Salvação da Democracia.

Domingos Simões Pereira, presidente da Plataforma Aliança Inclusiva — Terra Ranka, liderada pelo partido mais votado, o PAIGC, salientou que “é uma convergência dos principais partidos para salvar a democracia“.

“Antes que seja tarde. Amanhã pode ser tarde para nós todos”, acrescentou.

Nuno Nabiam e Domingos Simões Pereira falavam aos jornalistas no final da assinatura de uma Declaração Política Conjunta, tendo a seu lado na mesa os líderes da União para a Mudança, Agnelo Regalla, Partido da Renovação Social, Fernando Dias, e o coordenador do Movimento para Alternância Democrática (Madem-G15) Abdu Mané.

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Todos estes dirigentes políticos anunciaram que regressam ao longo dos próximos dias à Guiné-Bissau para contactar os demais partidos políticos e organizações da sociedade civil para avançarem com as manifestações.

Na declaração, as duas plataformas consideram que o quadro político na Guiné-Bissau “é extremamente grave e propício a ruturas, com impacto e consequências imprevisíveis”.

Domingos Simões Pereira garantiu que a resistência a Sissoco Embaló será feita “sempre com métodos democráticos” e destacou que a Declaração é um “alerta à sociedade (guineense) para a necessidade de evitar extremos, porque quando o povo se sente desrespeitado, se sente desatendido, cria-se potencialmente uma situação de anarquia”.

“Eu acho que se tem abusado daquilo que me parece ser um sentimento de conformismo por parte do povo guineense”, acrescentou.

Nuno Nabiam considerou, por seu lado, que o Presidente Sissoco está a fazer “é criar métodos de intimidação aos líderes dos partidos políticos”.

“E isso não vai funcionar. Porque fazer política tem riscos e nós temos, como políticos, temos de assumir esse risco. Não podemos ver o nosso país a colapsar e ficarmos calados a ver Sissoco Embaló a fazer e a desfazer”, vincou.

Vamos assumir as nossas responsabilidades, mas daquilo que é da lei. Vimos aquilo que aconteceu no Senegal e nos outros países de África. Portanto, temos que sair à rua e exigir o fim da ditadura do Sissoco Embaló”, defendeu.