O suplemento extraordinário para pensões mais baixas, anunciado pelo primeiro-ministro, não resolve o problema dos pensionistas, sendo preciso soluções mais estruturais, disseram à Lusa duas associações que os representam.
“Parece-nos que não resolve nada”, destacou Isabel Gomes, presidente da direção da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI), salientando que “são apenas pensos rápidos que vão colocando”.
“Aquilo de que nós precisamos, é, de facto, de um aumento de pensões e o que nós colocávamos no início deste ano, de 7,5% sobre o valor de dezembro, num mínimo de 70 euros, é o fundamental, porque 100, 150 ou 200 euros agora” não se irão “repetir no mês seguinte”, referiu.
Maria do Rosário Gama, presidente da direção da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (Apre) tem uma opinião semelhante.
“É uma situação pontual, não é estrutural, ou seja, começa e acaba no mesmo mês, paga-se em outubro e já não será paga mais vezes e, portanto, não resolve o problema das pessoas com pensões muito baixas”, referiu.
Lembrou ainda que existem mais de 1,5 milhões de pensões abaixo de 500 euros, destacando que o limiar de pobreza é de 591 euros. “O que nos preocupa é o facto de não haver um aumento de pensões que possa fazer com que não haja reformados com pensões abaixo dos 591 euros”, referiu.
Isabel Gomes, por sua vez, lembrou que “os reformados necessitam na mesma de comer, de comprar os seus medicamentos” e de fazer todas as coisas habituais, e “a que têm direito porque trabalharam uma vida, descontaram para a segurança social”.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou na quarta-feira que o Governo vai aprovar um suplemento extraordinário para as pensões mais baixas, que irá variar entre os 100 e 200 euros, e será pago em outubro.
Numa intervenção de quase 45 minutos na Festa do Pontal, em Quarteira, distrito de Faro, que marca a ‘rentrée’ política do PSD, Luís Montenegro anunciou um “suplemento extraordinário” pago em outubro e que será de 200 euros, para quem tenha pensão até 509,26 euros, de 150 euros para as pensões entre 509,26 e 1018,52 euros e 100 euros para as pensões entre 1018,52 e 1527,78.
A presidente da direção da MURPI reconheceu que, ainda assim, “obviamente que as pessoas ficam contentes” com esta medida, mas voltou a salientar que isso “não traz nada de novo, porque no mês seguinte vão voltar a ter os mesmos problemas”.
A Confederação promete continuar a desenvolver iniciativas para ajudar os pensionistas a melhorar a sua qualidade de vida.
Assim, a juntar a uma “petição sobre lares que em setembro deve ir à Assembleia da República, porque já tem mais de 8.000 assinaturas”, a entidade quer “aproveitar essa altura” para voltar ao primeiro ponto do “caderno reivindicativo, que é o problema do aumento das reformas”.
Já a Apre, segundo a sua presidente, esteve presente numa reunião com o Secretário de Estado da Segurança Social e espera agora uma audição com a ministra da Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
“Em todas as situações temos reivindicado o aumento das pensões mais baixas, que é o que nós queremos fazer, junto do Governo, dos partidos políticos”, rematou Maria do Rosário Gama, referindo que “uma pensão abaixo de 500 euros não permite viver com dignidade, nem sequer permite, por exemplo, pagar uma instituição onde [a pessoa] possa ser internada” caso seja necessário.