A cimeira de líderes rumou ao arquipélago dos Açores para a dar início a mais uma jornada do Campeonato Nacional. Haveria melhor forma de começar mais uma ronda? Talvez sim, talvez não, mas o que é certo é que estamos a falar de duas das equipas que mais entusiasmaram neste arranque de temporada. De um lado estava o campeão da Segunda Liga, que regressa ao primeiro escalão. Do outro o detentor da Supertaça, que juntou o primeiro troféu da temporada à Taça de Portugal.

Apesar da vitória convincente diante do Gil Vicente, no Dragão, na ronda inaugural (3-0), a semana esteve longe de ser fácil para os azuis e brancos. Francisco Conceição continua fora por lesão e, nos últimos dias, foi associado à Juventus. Até ver, a transferência não está consumada, ao contrário do que acontece com Evanilson e Fábio Cardoso. O português foi oficialmente emprestado ao Al Ain e, apesar de ter perdido preponderância, desfalca a zona central da defesa. Já o internacional brasileiro está a caminho do Bournemouth, num negócio que foi oficializado a cerca de hora e meia do encontro. Depois de Taremi, o FC Porto volta a perder um elemento fundamental no ataque à baliza adversária.

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“[O Santa Clara] é um adversário que vem de uma dinâmica interessante do ano passado e se dúvidas houvesse quanto a isso, fizeram questão de as dissipar neste início de época. Tiveram vitórias na pré-época perante adversários da Primeira Liga, uma vitória contundente agora no Estoril depois de terem estado a perder (1-4), na pré-época perdiam por 2-0 com o Boavista e venceram 2-4, com o Rio Ave a perder 1-0 viraram para 1-2… Isso tem muito de autor. É uma equipa adulta, madura, que sabe o que faz em campo e que nos vai exigir para irmos equipados com o espírito FC Porto, com espírito de missão”, realçou o técnico azul e branco na antevisão.

Ficha de jogo

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Santa Clara-FC Porto, 0-2

2.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada

Árbitro: Fábio Veríssimo (AF Leiria)

Santa Clara: Gabriel Batista; Sidney Lima, Frederico Venâncio, Alysson (Matheus Pereira, 73′); Lucas Soares (Diogo Calila, 67′), Adriano Firmino, Pedro Ferreira, MT; Vinícius Lopes (Ricardinho, 67′), Alisson Safira (João Costa, 73′) e Gabriel Silva (Klismahn, 67′)

Suplentes não utilizados: Neneca; Luís Rocha, Paulo Henrique e Serginho

Treinador: Vasco Matos

FC Porto: Diogo Costa; Martim Fernandes, Otávio Ataíde, Zé Pedro, Wenderson Galeno; Nico González (Stephen Eustáquio, 68′), Alan Varela; Iván Jaime (Gonçalo Borges, 73′), Vasco Sousa (André Franco, 73′), Danny Namaso (Toni Martínez, 86′); Fran Navarro (Pepê, 68′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos; Marko Grujic, João Mário e David Carmo

Treinador: Vítor Bruno

Golos: Iván Jaime (16′) e Galeno (25′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zé Pedro (15′), Nico (40′), Matheus Pereira (49′), Vinícius (52′), Frederico Venâncio (56′) e André Franco (87); vermelho a Adriano (62′)

De regresso ao escalão máximo do futebol português, os açorianos montaram uma equipa capaz de garantir a manutenção e, se possível, lutar pela primeira metade da tabela. Com Vasco Matos ao leme, o Santa Clara venceu todos os jogos da pré-época e bateu o Estoril na ronda passada. “O FC Porto é sempre uma equipa forte. Têm jogadores de muita qualidade individual e o seu coletivo também é muito forte, já com dinâmicas bem trabalhadas. Por isso, não esperamos facilidades. Temos de olhar para nós. Temos de ser extremamente competitivos, rigorosos e com muita ambição”, disse o treinador de 43 anos.

Vítor Bruno quis surpreender e promoveu duas alterações no onze inicial, colocando Vasco Sousa e Fran Navarro na frente de ataque. Em sentido inverso, Eustáquio e Gonçalo Borges sentaram-se no banco de suplentes. Em sentido inverso, Vasco Matos manteve a equipa que entrou em campo na primeira jornada. Como seria de esperar, os dragões entraram dominadores, dispuseram de mais bola na fase inicial, mas a circulação lenta e previsível foi presa fácil para a defesa açoriana, que apostou num futebol rápido e vertical para tentar surpreender o adversário.

Foi assim que nasceu a primeira ocasião do encontro. Gabriel Silva arrancou pelo corredor direito, entrou na área e cruzou rasteiro para a pequena área, onde Safira apareceu a encostar mas, com uma grande intervenção com a mão direita, Diogo Costa impediu o golo. Na recarga, Vinícius cabeceou ao lado (5′). Pouco depois, Nico recuperou a bola a meio-campo, conduziu para a área, aguentou a carga de Sidney e deixou para Iván Jaime que, já dentro da área, desferiu um remate forte e cruzado para o golo inaugural (16′).

O tento não mudou o rumo do jogo, com os azuis e brancos a continuarem a pressionar em busca do golo da tranquilidade, que apareceu ainda na primeira metade do primeiro tempo. Alysson cometeu penálti sobre Navarro e, na cobrança, Galeno enganou Gabriel Batista (25′). Na outra baliza, o internacional brasileiro voltou a ser decisivo logo a seguir, ao corta em cima da linha de golo um lance em que Diogo Costa deixou muito a desejar (30′). Os bravos açorianos melhoraram a partir daí, em parte porque os portistas baixaram as linhas, acercaram-se da área adversária, mas não conseguiram faturar.

Na etapa complementar, os dragões voltaram a entrar melhor, mas a partida entrou numa fase com muitas faltas, levando Fábio Veríssimo a distribuir vários cartões amarelos por protestos dos jogadores. À entrada para a última meia-hora, o árbitro de Leiria foi chamado pelo VAR para analisar um pisão de Adriano sobre Alan Varela e, após ver as imagens, expulsou o médio dos açorianos (64′). A fechar, Gonçalo Borges tentou o golo, mas Gabriel Batista voou para parar o remate (83′). O resultado estava, assim, sentenciado e permite ao FC Porto assumir a liderança isolada da Primeira Liga, à condição (0-2).