Apesar da goleada na Madeira frente ao Nacional, nem tudo foi “perfeito” na exibição do Sporting. O que faltou? O mesmo que falhou nos descontos com o Rio Ave, o mesmo que falhara de forma rotunda na final da Supertaça: a parte defensiva. Era também nesse particular que os leões teriam uma espécie de teste em novo encontro fora para o Campeonato no Algarve frente ao Farense. Desta vez, foi passado. Pela primeira vez o campeão conseguiu não sofrer golos e, tão ou mais importante, quase não concedeu oportunidades ou espaço no último terço. Mais proveitoso ainda, atingiu esse patamar de coesão defensiva ao longo de 90 minutos sem perder em nada aquela que é a sua maior força enquanto equipa: a propensão ofensiva.

Viktor, o melhor vocalista de uma banda que não perde o tom goleador (a crónica do Farense-Sporting)

Naquele que foi o encontro mais conseguido em termos globais olhando para todos os parâmetros, a equipa verde e branca somou nova goleada por 5-0 diante dos algarvios (a quem ganhara na última temporada com uma grande penalidade nos descontos), viu Viktor Gyökeres chegar aos seis golos em 270 minutos feitos na Primeira Liga e reforçou a liderança antes da receção ao também 100% vitorioso FC Porto em Alvalade, no próximo sábado. O cartão de visita para tentar a “desforra” da Supertaça está apresentado e traz consigo números como não se viam há muito não só no história leonina mas também do próprio Campeonato.

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Contas feitas, o Sporting chegou aos 14 golos em três jornadas da prova, algo que não acontecia há mais de 50 anos quando o Benfica arrancou com 18 remates certeiros nas três rondas inaugurais de 1972/73. Ao mesmo tempo, e juntando os três golos da Supertaça, desde 1951/52, no tempo dos Cinco Violinos, que os leões não marcavam 17 golos nos primeiros quatro partidas oficiais da temporada. Até no plano mais individual, o conjunto verde e branco não tinha um jogador a marcar seis ou mais golos nas três rondas iniciais da Primeira Liga desde Manuel Fernandes, em 1985/86. Juntando a parte final da época de 2023/24, como recorda também o Playmakerstats, são 45 jogos a marcar, 24 sem perder e 13 triunfos em 14 encontros.

“Fomos muito sérios nas recuperações defensivas e não sofremos golos, era um dos objetivos que tínhamos. O principal era ganhar. Mantemos uma boa média de golos, fomos muito competentes também. Justificações para este arranque? Eles acreditam em tudo o que estão a fazer. Estão tão rotinados nesta forma de jogar que, tendo a vontade, as coisas acontecem. Isto tem a ver com as rotinas e também com a qualidade deles, também com o facto de nós aguentarmos os nossos jogadores. Eles conhecem-se tão bem que nós é só deixar e não atrapalhar. O início da segunda parte não foi tão bom mas o nível da primeira foi tão alto que sofremos um bocadinho no reinício”, frisou Rúben Amorim na zona de entrevistas rápidas da SportTV após um jogo que aumentou os números para 77 remates feitos e 25 enquadrados nas três rondas iniciais.

“Clássico? Temos um jogo para analisar, ver os movimentos, apesar de o FC Porto ter mudado de ideia em função dos adversários. Eu pelo menos tenho uma ideia do que podemos melhorar. Teremos uma semana intensa pela frente. Disse-lhes que se ganhássemos o jogo teriam dois dias seguidos de folgas, coisa que não é costume, e depois, sim, vamos preparar o jogo. Mercado? Não controlamos, existem as cláusulas de rescisão. Neste mercado há clubes muito ricos, nós não somos. É ver o que vai acontecer até ao final”, referiu ainda o técnico verde e branco, elogiando a capacidade que o clube de segurar ativos nesta janela de verão.

“É muito importante divertirmo-nos a jogar um futebol ofensivo pois assim criamos os melhores momentos. Não pensamos muito e as coisas saem de forma natural. Temos marcado muito e pela primeira vez esta época não sofremos golos. FC Porto? Temos de fazer melhor em relação ao último jogo mas creio que não será preciso fazermos algo muito diferente em relação ao que fizemos nos últimos três encontros”, salientou Gyökeres, que passou ao lado da possibilidade de saída nos derradeiros dias de mercado: “Se vou ficar? Sim, creio que sim mas nunca se sabe. Sinto-me muito bem aqui no Sporting mas no futebol há coisas que desconheço. Eu gosto muito de estar aqui, não estou stressado com isso”.