Désiré Doué custou 50 milhões vindo do Rennes, Willian Pacho chegou por 40 milhões do Eintracht mas, em condições normais, João Neves seria aquela contratação que levaria milhares de adeptos do PSG ao Parque dos Príncipes. Não tem o mediatismo de um Lionel Messi, não envolveu verbas como Ousmane Dembélé mas dentro daquilo que são as aquisições tipo de Luis Enrique surgiria como a cara de maior peso entre todas as (poucas) novidades do campeão francês para a nova temporada. Por causa dos Jogos Olímpicos e de todo o aparato de segurança em torno do recinto, teve uma chegada discreta. Ou melhor, “apresentou-se” em campo a um clube que muitas vezes deita demasiados foguetes antes de haver razões para uma real festa.

Entrado ao intervalo na estreia na Ligue 1 com o Le Havre, com o PSG na frente com uma vantagem mínima que não estava propriamente a convencer no plano da exibição, o internacional português fez assistências em minutos consecutivos para Dembélé e Barcola selarem a goleada por 4-1 e tornou-se um dos grandes focos da equipa parisiense a par de Vitinha. “Descrevo-o como uma energia pura ao serviço da equipa. Vamos continuar agora a ajudá-lo na adaptação. Tem mobilidade dentro de campo, é corajoso a entrar na área, no último passe e na defesa. Os adeptos vão adorá-lo”, comentou após o triunfo o técnico espanhol.

Foi um bom começo de temporada. Estou feliz por cá estar e espero continuar a ajudar a equipa. O mais importante é a equipa, é para isso que cá estou. O melhor que vi foram as qualidades individuais e coletivas. Espero tornar-me num jogador muito bom e, como já disse várias vezes, estou aqui pela equipa e para dar o meu melhor”, destacou o ex-jogador do Benfica à DAZN.

De forma quase inevitável, o destaque ao longo da semana continuou a recair sobre João Neves, com Luis Enrique a elogiar mais uma vez o médio em declarações às plataformas do clube. “É um jogador de altíssimo nível. Não perde a bola, tem bom físico, é capaz de superar situações sob pressão, tem clareza, pode jogar de costas, de frente… Um bom físico, quando não tem bola, muito bom para pressionar, um jogador inteligente. Este ano temos muitos desse perfil no meio-campo e com ele estamos no início para ocupar um espaço em função dos jogadores. Queremos tornar-nos imprevisíveis para os adversários mas previsíveis para nós. Ele tem muita energia, gosta muito de correr, que é algo de que gostamos, mas há que correr muito com bola e menos sem bola”, apontou, lamentando a lesão grave contraída por Gonçalo Ramos ainda na primeira parte do jogo com o Le Havre que deixará o avançado de fora pelo menos durante três meses.

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Agora chegava o primeiro encontro oficial da temporada em casa, com essa dúvida se poderia também ser o primeiro encontro como titular de Neves. Foi mesmo. Entre as quatro alterações feitas por Luis Enrique, o médio juntou-se a Nuno Mendes, Barcola e Dembélé entre as opções iniciais que continuaram sem contar com Kolo Muani, apontando como potencial titular no lugar de Ramos mas que voltou a começar no banco perante a primazia do técnico espanhol à mobilidade na frente de ataque. E as apostas deram logo frutos.

Na primeira iniciativa atacante com finalização, João Neves, mais descaído no meio-campo sobre a esquerda com Zaire-Emery no lado contrário e Vitinha a pautar todo o jogo a partir do corredor central, combinou com um toque de primeira a lançar Barcola em velocidade e o internacional francês rematou de bico na área para o 1-0 logo aos quatro minutos. Uma estreia de sonho no Parque dos Príncipes que por muito pouco não teve continuidade pouco depois, com o antigo médio do Benfica a surgir ao primeiro poste após canto de Dembélé na direita e a desviar de cabeça muito perto da trave (8′). O PSG dominava o jogo por completo, João Neves dominava o jogo e o 2-0 chegou ainda antes do intervalo em mais uma jogada de envolvimento iniciada em Barcola que teve a assistência do português em posição central para o remate de Asensio (24′).

Estava estendida a passadeira para uma exibição de gala que ganhou outra forma no decorrer da segunda parte para gáudio dos adeptos parisienses, que voltaram a encher o Parque dos Príncipes para o primeiro encontro oficial da época: Barcola fez o 3-0 após assistência de Dembélé (53′), Hakimi marcou o 4-0 com um remate de primeira na área com pouco ângulo após cruzamento de Nuno Mendes (58′), Zaire-Eemery aumentou para 5-0 com um toque de classe fantástico na área antes do tiro final sem hipóteses para um Benjamin Lecomte que acenava com a cabeça sem querer acreditar no que estava a acontecer (60′). Ainda houve tempo para um remate do médio português a rasar a trave antes de ser substituído por Fabián Ruíz (68′) e para o 6-0 final que saiu do banco por Lee Kang-in (81′) em nova exibição convincente de um PSG que promete numa era pós-Mbappé que está a começar da melhor forma para Luis Enrique e para João Neves, que fez duas assistências em 75 jogos pelo Benfica e agora leva quatro… em 113 minutos.