As últimas semanas trouxeram várias mudanças no reino do Dragão. Com uma mudança de paradigma que assolou o clube em praticamente todas as áreas, o plantel de futebol não foi exceção. A terminar uma janela de transferências que promete ficar na história do FC Porto que, apesar das dificuldades financeiras, esteve bastante ativo, Francisco Moura foi oficializado nos azuis e brancos a troco de uma verba de cinco milhões de euros por 100% do passe (ficando o Famalicão com 10% dos direitos económicos de uma futura transferência) e num contrato válido até junho de 2029.

Numa altura em que a equipa de Vítor Bruno ficou privada de Galeno, a principal opção para o lado esquerdo da defesa neste início de época, e não conta com o lesionado Zaidu, só Wendell poderia preencher o espaço deixado no plantel. A ida ao mercado era inevitável, com o FC Porto a preferir recrutar em Portugal, de modo a garantir um reforço para o imediato. Apesar de ter 25 anos, Moura já tem praticamente 100 jogos no Campeonato Nacional e disputou a Liga Europa em duas ocasiões, pelo Sp. Braga.

Com 25 anos comemorados há cerca de duas semanas, Francisco Moura revelou-se na última temporada como um dos grandes laterais da Primeira Liga. Ao serviço dos famalicenses, o jogador mostrou todos os seus pergaminhos, evidenciando-se pela bravura e pela forma rápida e inteligente com que apoia o ataque. Ao contrário das outras opções dos dragões para a posição, Moura apresenta-se como um elemento mais vertical e destaca-se pela tomada de decisão no último terço, sendo bom a cruzar e a executar as bolas paradas. Em termos defensivos, o minhoto tem tendência a apoiar e a equilibrar o setor defensivo e, com bola, oferece critério na fase de construção. Falamos, por isso, de um jogador que vai ao encontro do que o FC Porto procura.

Nascido em 1999, Francisco Moura é um dos produtos da célebre geração de 99 do futebol português que conquistou os Campeonatos da Europa de Sub-17 e Sub-19, embora só tenha estado presente no último. Natural de Braga, Francisco chegou ao guerreiros do Minho com apenas 12 anos. Inicialmente foi opção para o Sp. Braga B, mas só depois de um empréstimo à Académica é que conquistou um lugar na equipa principal, sendo lançado por Carlos Carvalhal, numa fase em que atuava como extremo esquerdo.

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Em novembro de 2020, Francisco Moura assinou, provavelmente, a melhor exibição com a camisola dos bracarenses. Num Estádio da Luz vazio devido à pandemia, o português atuou como extremo, à frente de Sequeira, e bisou frente ao Benfica, ajudando o Sp. Braga a vencer por 3-2. Contudo, poucos dias depois apareceu o ponto mais baixo da sua carreira: Moura contraiu uma entorse do joelho esquerdo com lesão do ligamento cruzado anterior num treino e falhou o resto dessa temporada. Regressou em 2021/22, esteve em 42 jogos, mas não se conseguiu impor.

Seguiu-se o empréstimo ao Famalicão e, um ano depois, a venda em definitivo, que lhe permitiu assinar um contrato válido por quatro temporadas. Para trás ficam agora quatro golos e nove assistências em 73 jogos na formação famalicense. O passo atrás permitiu a Francisco Moura dar dois à frente e chegar a um grande do futebol português. Na teoria, a aposta revela-se certeira. Falta Francisco prová-lo dentro de campo.