A polícia de Munique abateu um jovem de 18 anos que, nesta manhã de quinta-feira, terá utilizado uma arma de fogo nas imediações do consulado israelita e de um centro que reúne documentação histórica ligada ao período em que governou o partido Nazi (o edifício era, aliás, a sede do partido naquela cidade). O incidente, sobre o qual ainda não existe muita informação, aconteceu no dia em que se marca o 54º aniversário do ataque palestiniano que matou 11 atletas israelitas que participaram nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique.

O atirador foi descrito, ao início desta tarde, como um austríaco de 18 anos (nascido em 2006) que “possivelmente” planeou fazer um ataque terrorista naquela zona da cidade onde estão as duas estruturas: o consulado geral de Israel e o arquivo histórico Nazi. Segundo a informação prestada pelo ministro da Administração Interna do estado da Bavaria, Joachim Herrmann, as autoridades estão convencidas de que o ataque poderá ter sido planeado para atacar o consulado-geral de Israel que, àquela hora, estava fechado.

As fontes citadas pela Der Spiegel indicam que o jovem, descrito como fiel à fé islâmica, era conhecido das autoridades e vivia em Salzburgo. No ano passado, terá sido investigado por difundir propaganda do Estado Islâmico mas o caso acabou por ser arquivado.

A morte do suspeito baleado pela polícia já tinha sido confirmada pela ministra da Administração Interna alemã, Nancy Faeser, citada pela Reuters. Isto depois de a polícia ter confirmado apenas, oficialmente, que o homem tinha ficado ferido como resultado da troca de tiros que existiu entre o homem e as autoridades. Os polícias envolvidos na operação não sofreram qualquer ferimento.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Foi montada uma mega-operação policial nesta cidade, que fica no sul da Alemanha, e a zona central da cidade – entre a rua Brienner e a Karolinenplatz – foi vedada. Momentos antes, a imprensa alemã relatou que o suspeito se aproximou deste Centro de Documentação Nazi com uma arma ao ombro. Terá apontado a arma aos guardas que estão em permanência no edifício, não sendo claro se logo nessa altura fez algum disparo.

Segundo o Süddeutsche Zeitung, o homem disparou pelo menos dois tiros – uma informação ainda não confirmada oficialmente. Os vídeos colocados por cidadãos nas redes sociais (contrariando os pedidos das autoridades para que não o fizessem) mostram o alvoroço provocado pelo tiroteio.

Uma outra filmagem, presumivelmente feita antes de o atirador ser detetado pela polícia, mostra o jovem armado com uma espingarda antiga (com uma baioneta na extremidade) e a disparar uma vez, ao longe, numa direção incerta. O homem, vestido com calças vermelhas e camisola castanha, surge nas imagens a tentar usar a baioneta, sem sucesso, para partir uma janela e entrar num edifício.

A ministra confirmou o “incidente grave” que ocorreu em Munique e garantiu que está a ser dada toda a prioridade à proteção das instituições israelitas no país. Não há registo de mais feridos, numa situação que rapidamente foi considera “estática”.

Incidente aconteceu 54 anos depois dos ataques nos Jogos de 1972

Foi há precisamente anos que oito homens vestidos de fato de treino saltaram a vedação da Aldeia Olímpica de Munique, enquanto decorriam os Jogos de 1972 naquela cidade. Nas mochilas, levavam metralhadoras Kalashnikov e granadas.

Os homens faziam parte do chamado “Setembro Negro” – um grupo ligado à Organização para a Libertação da Palestina. Nos planos estaria raptar os atletas israelitas, tomando-os como reféns para, depois, exigir a libertação de 236 prisioneiros palestinianos: 234 que estavam em Israel e, também, dois líderes do grupo Baader-Meinhof da Alemanha Ocidental.

A missão não correu como planeado e acabou por terminar com a morte de cinco dos sequestradores e de 11 membros da equipa olímpica de Israel. Morreu, ainda, um polícia de Munique.