O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defendeu esta segunda-feira que a linha de alta velocidade não deve ter por base razões políticas, mas técnicas e de procura, considerando que a prioridade deve continuar a ser a fachada atlântica.

“As linhas de caminho-de-ferro não devem ser feitas por razões políticas, devem ser feitas onde há procura”, afirmou esta segunda-feira Rui Moreira.

O autarca, que falava à Lusa na sequência do Conselho Municipal de Economia, que se debruçou sobre o projeto da alta velocidade, defendeu que o Governo deve manter como prioridade “infraestruturar a fachada atlântica”.

“O Governo anterior entendeu, e a meu ver bem, que o primeiro objetivo deveria ser a ligação em alta velocidade de toda a fachada atlântica”, referiu, admitindo estar “objetivamente preocupado” com esta matéria, sobretudo depois de algumas declarações, entre as quais, as do seu homólogo de Lisboa.

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Destacando que na fachada atlântica vivem cerca de 11 milhões de pessoas, Rui Moreira considerou que o anterior Governo, liderado por António Costa, “olhou com cuidado” para o tema.

“Quando olhamos para a ligação Porto — Lisboa os estudos apontam para uma procura de 16 milhões de passageiros por ano”, observou, notando que a procura entre as duas cidades portuguesas é 60% maior do que a procura entre Madrid e Barcelona.

“Quando olhamos para a ligação entre Lisboa e Madrid, que de repente o engenheiro Carlos Moedas e outras pessoas consideram que é absolutamente fundamental, estruturante e importante, a procura é de 1,5 milhões de passageiros por ano”, observou, notando que entre o Porto e Vigo a procura é igual.

“Há tantas pessoas a viajar entre Lisboa e Madrid como entre o Porto e Vigo, mas entre o Porto e Lisboa há 11 vezes mais pessoas do que entre Lisboa e Madrid. É importante que não seja por razões políticas, mas seja por razões técnica que se continua a manter a prioridade”.

Questionado se temia que o atual Governo revertesse as prioridades relativamente a esta matéria, Rui Moreira afirmou que quando o ministro das Infraestruturas visitou a Área Metropolitana do Porto “garantiu que as ligações de Lisboa ao Porto e do Porto a Vigo vão continuar a ser prioritárias”.

“Quero acreditar que não vai haver uma inflexão naquilo que é o desígnio estratégico português”, acrescentou.

A linha de alta velocidade Lisboa — Porto deverá ligar as duas principais cidades do país em cerca de uma hora e 15 minutos, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria. O percurso Porto — Vigo está estimado em 50 minutos.

A primeira fase (Porto — Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030, estando previsto que a segunda fase (Soure — Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.

Já a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), prevista para 2032, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).

No total, segundo o anterior Governo, os custos do investimento no eixo Lisboa — Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.