O início do futuro europeu do Sporting chegava esta quinta-feira. Já com dois obstáculos ultrapassados, as leoas recebiam o Real Madrid na primeira mão de um playoff que pode significar o regresso à fase de grupos da Liga dos Campeões — e o desafio, embora complexo, nunca poderia ser rotulado como impossível.

Já depois de conquistar a Supertaça, ao vencer o Benfica na final do Estádio do Restelo no fim de agosto, a equipa de Mariana Cabral eliminou o desafiante Eintracht Frankfurt e o mais modesto Breidablik para carimbar a presença no playoff a duas mãos que decide quem entra e quem cai na fase de grupos da Liga dos Campeões. Ditou o sorteio que o adversário fosse o Real Madrid, segundo classificado da Liga F na época passada e com um nível de investimento muito superior ao do Sporting, embora com um sucesso desportivo ainda muito longínquo ao da realidade masculina.

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Na antevisão, de forma natural, a treinadora leonina não escondeu a ambição de voltar à fase de grupos da Liga dos Campeões — mas também não deixou de sublinhar o mundo que separa as duas equipas. “Um bom resultado é ganhar. Os jogos têm as suas particularidades e trabalhamos para ganhar. É ótimo ouvir o nome do Sporting entre clubes tão grandes. Merecíamos estar aqui, havia muita gente que esperava que não passássemos. O Real Madrid é um dos melhores clubes do mundo e tem uma das melhores equipas do mundo. Está num patamar diferente do nosso, numa liga profissional diferente. Mas temos toda a disponibilidade e vontade para continuar em frente”, explicou Mariana Cabral, que lembrou o facto de as leoas terem seis vitórias em seis jogos oficiais esta temporada.

O encontro acontecia no Estádio Aurélio Pereira, na Academia Cristiano Ronaldo, em Alcochete — chegou a abordar-se a possibilidade de acontecer no Estádio José Alvalade, mas o facto de a equipa masculina ter jogado para a Liga dos Campeões na terça-feira e voltar a jogar para o Campeonato no domingo tornou a ideia impossível, algo que Mariana Cabral não deixou de considerar não ter “razão plausível”.

A treinadora leonina lançava o onze expectável, com Brenda Pérez e Cláudia Neto no meio-campo, Diana Silva e Andreia Bravo mais abertas nas alas e Brittany Raphino e Telma Encarnação no ataque, deixando Fátima Pinto, Ana Capeta, Maísa Correia e Jacynta Gala no banco. Do outro lado, o destaque da equipa de Alberto Toril ia para o setor ofensivo, onde coexistiam Alba Redondo, Athenea del Castillo e Caroline Weir. Teresa Abelleira e Eva Navarro, ambas campeãs do mundo com Espanha no ano passado, eram suplentes, enquanto que Linda Caicedo não surgia na ficha de jogo.

A primeira oportunidade da partida pertenceu desde logo ao Sporting, com Brittany Raphino a surgir isolada em direção à baliza mas a atirar ao lado na cara de Misa Rodríguez (2′). As leoas voltaram a assustar logo depois e novamente por intermédio da avançada norte-americana, que rematou por cima (3′), mas o Real Madrid não demorou a tomar as rédeas do encontro. Tanto Caroline Weir (6′) como Alba Redondo (10′) obrigaram Hannah Seabert às primeiras defesas e o golo acabou mesmo por aparecer.

Passe longo à procura da profundidade, Hannah Seabert falhou a abordagem por completo e permitiu o desarme de Athenea, que acabou por ficar isolada em frente à baliza deserta e só precisou de desviar para abrir o marcador (11′). O Sporting teve alguma dificuldade para reagir à desvantagem, com o Real Madrid a gerir a partida sem acelerar muito e sem permitir muita posse de bola às leoas, mas a verdade é que a equipa de Mariana Cabral nunca recuou demasiado as linhas e manteve-se sempre à tona. Até ao momento do empate.

Já nos descontos, Misa fez falta sobre Raphino no interior da grande área e a árbitra da partida assinalou grande penalidade. Na conversão, Andreia Bravo não falhou e empatou o jogo (45+3′), reconquistando a igualdade mesmo em cima do intervalo e levando o Sporting para a segunda parte com toda a possibilidade de discutir o resultado.

Nenhum dos treinadores fez substituições ao intervalo e o jogo demorou a ganhar ritmo, com o Sporting a mostrar-se solto e com vontade de ir atrás da vantagem e o Real Madrid a ter alguma dificuldade para encontrar longos períodos de posse de bola, apesar de causar perigo quase sempre que se aproximava da área de Hannah Seabert. Alberto Toril foi o primeiro a mexer, trocando Filippa Angeldal e Alba Redondo por Eva Navarro e Signe Bruun, e Mariana Cabral respondeu ao lançar Ana Capeta no lugar de Brittany Raphino.

O jogo prosseguiu muito dividido, sem grandes ocasiões de golo e com muitos duelos na zona do meio-campo, e só Diana Silva é que acabou por espantar o marasmo com um remate que passou por cima da baliza de Misa (64′). Mariana Cabral decidiu voltar a mexer, trocando precisamente Diana Silva por Jacynta Gala, e as merengues beneficiaram da melhor oportunidade da segunda parte com um pontapé de Olga Carmona que passou ligeiramente ao lado (70′).

O balde de água fria acabou por aparecer já bem dentro dos descontos. Hannah Seabert voltou a ficar mal na fotografia, ao falhar a abordagem a um cruzamento na esquerda, e Melanie Leupolz aproveitou para desviar para a baliza e garantir a vitória merengue (90+5′). O Real Madrid venceu o Sporting em Alcochete e colocou-se em vantagem no playoff de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, ainda que tudo esteja em aberto para a segunda mão do próximo dia 26 de setembro (19h) na capital espanhola.