A bactéria ‘Xylella fastidiosa’ foi detetada em três zonas dos concelhos alentejanos de Marvão e Portalegre, o que obriga à aplicação de medidas fitossanitárias naquele território, indicou a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

Num edital assinado pela diretora-geral da DGAV, Susana Pombo, datado de 17 de setembro e consultado esta segunda-feira pela agência Lusa, pode ler-se que “a presença da bactéria ‘Xylella fastidiosa’ foi laboratorialmente confirmada em 30 amostras, colhidas na freguesia de São Salvador da Aramenha (Marvão) e de Reguengo e São Julião (Portalegre)”.

“Foi identificada a subespécie responsável pelo resultado positivo na planta de ‘Cytisus striatu’ como sendo ‘Xylella fastidiosa subsp. Fastidiosa’. Os restantes resultados positivos estão a aguardar pela identificação da subespécie da bactéria”, informou a DGAV, no mesmo despacho.

Segundo o mesmo organismo, “atualmente, existe um total de três zonas infetadas” na Zona Demarcada para ‘Xylella fastidiosa’ de Marvão, que já se encontrava estabelecida.

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Dando cumprimento a um regulamento europeu e a uma portaria nacional sobre esta matéria, a zona demarcada é alvo de “uma prospeção intensiva” e, quando “é oficialmente confirmada a presença da bactéria em novos locais, há lugar ao alargamento da zona demarcada”, o que agora aconteceu com a de Marvão.

A DGAV explicou que “os trabalhos de prospeção realizados pelos serviços oficiais espanhóis em território espanhol junto à fronteira com Portugal detetaram a presença da bactéria”.

“A zona demarcada em Espanha é interrompida pela fronteira com Portugal e o estabelecimento da zona tampão dessa zona demarcada coalesce com a zona tampão estabelecida no lado português, incrementando a dimensão do território nacional afetado”, disse.

De acordo com a DGAV, as plantas identificadas infetadas na Zona Demarcada de Marvão, até à presente data, pertencem aos seguintes géneros e espécies: ‘Acacia dealbata’, ‘Cistus spp.’, ‘Cistus ladanifer’, ‘Cytisus spp.’, ‘Cytisus lanigerus’, ‘Cytisus scoparius’, ‘Cytisus striatus’, ‘Genista triacanthos’, ‘Genista tridentata’ e ‘Rubus ulmifolius’.

Para eliminar a bactéria, a DGAV notificou todos os proprietários, usufrutuários, possuidores, detentores ou rendeiros de quaisquer parcelas de prédios rústicos ou urbanos para o cumprimento obrigatório de medidas de proteção fitossanitária.

Além destas e de outras medidas que estão determinadas, a DGAV proibiu as plantações nas zonas infetadas dos vegetais, dos géneros e espécies detetadas infetadas na zona demarcada.

Classificada como “bactéria de quarentena” pela Organização Europeia para a Proteção das Plantas (EPPO), a ‘Xylella fastidiosa’ foi detetada pela primeira vez em Portugal em janeiro de 2019, em plantas de lavanda num ‘zoo’ em Vila Nova de Gaia, no Porto.

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A bactéria é transmitida pelo inseto ‘Philaenus spumarius’ (vulgarmente conhecido como cigarrinha-da-espuma), que se alimenta do xilema das plantas e cujo ciclo se inicia na primavera.

Esta bactéria afeta um elevado número de espécies de plantas ornamentais e também espécies de culturas como a oliveira, a amendoeira, a videira ou a figueira.

Segundo a página de Internet da DGAV, consultada esta segunda-feira  pela Lusa, existem atualmente 19 zonas demarcadas desta bactéria em Portugal, das quais nove na região Centro, sete no Norte, duas em Lisboa e Vale do Tejo e uma no Alentejo.