“Devido aos bombardeamentos e à invasão do Líbano pelas forças armadas de Israel, a companhia está impossibilitada de se deslocar de forma segura para a realização do espetáculo. Acresce que, para alguns elementos da equipa, separarem-se das suas famílias neste contexto não é uma opção aceitável”, lê-se num comunicado enviado à comunicação social pelo FIMP, que afirma “grande tristeza e preocupação” pelo facto da situação dos artistas se ter deteriorado.

Segundo a organização do FIMP, o festival esteve “constantemente em contacto com os artistas” e até muito recentemente trabalharam em conjunto na direção da realização do espetáculo”, mas a “situação deteriorou-se muito” e por isso lamenta o “transtorno” causado ao público e agradece ao Teatro Nacional S. João todo o apoio.

Com o cancelamento do espetáculo de abertura, o FIMP explica que a abertura nesta quinta-feira vai acontecer com a inauguração de “Fimpografias”, um exposição da fotógrafa Susana Neves, que captou o festival ao longo dos últimos dez anos.

A inauguração está agendada para esta quinta-feira, às 19:00, no Teatro Carlos Alberto.

Um dos destaques da organização recai na estreia nacional de “Lullabye for Scavengers”, de Kim Noble, marcada para este próximo sábado, dia 12, no Rivoli — Teatro Municipal.

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“Lullaby for Scavangers”, do criador britânico Kim Noble, é “uma proposta ‘fora da caixa’, com o seu quê de bizarro, mas não menos apelativa”, refere a organização.

O criador britânico propõe “uma reflexão a partir de algo que, na sua forma aparente — e porque não uma fórmula? – é apenas traduzida por uma canção de embalar para necrófagos / recoletores. Suscitará por certo uma variada e até contraditória visão de emoções e sentimentos que prometem ir do humor à compaixão, passando pela repulsa física ou moral”, a que “ninguém ficará indiferente”, lê-se no comunicado.

O certame conta também com duas estreias absolutas: a “Capital Canibal”, da Sonoscopia e do Teatro de Ferro, e “Aruna e a Arte de Bordar Inícios”, da Ainhoa Vidal (Portugal/Espanha).

A “Capital Canibal” é descrita como “uma máquina de cena anacrónica e em permanente curto-circuito” que “não obstante os esforços dos seus operadores, eles próprios alimento e combustível, o produto acaba por ser sempre defeituoso, excedentário, inútil e ao mesmo tempo excedentário”. Trata-se de “uma performance para os estômagos mais fortes e os paladares mais requintados”, onde os enchidos podem ser promovidos à condição de protagonistas”.

“Aruna e a arte de bordar inícios” trata da condição de uma criança que tenta a todo custo ultrapassar uma “situação de catástrofe que se abateu sobre ela e os demais, lutando contra a resignação para reconstruir a sua condição social e humana e armando-se para o efeito da melhor ferramenta: a coragem”.

O primeiro fim de semana do FIMP 2024, que assina este ano o seu 35.º aniversário sob o lema “Existir. Resistir! Desistir…”, apresenta também a reposição de “Jardineiro Imaginário”, pelas Marionetas do Porto, e a peça “Arquivo Zombie: o arquivo morto-vivo do Teatro de Ferro. Gigantes”.

“Gigantes” é uma performance a partir da reinterpretação de materiais oriundos do espetáculo “Marionetas Tradicionais de Um País que Não Existe”, estreado no FIMP em 2017 e as apresentações acontecem no ‘foyer’ do Rivoli, nos dias 12 e 13 de outubro.

O FIMP 2024 estende-se até dia 20 de outubro com mais peças de teatro de marionetas como “Dramas curtos em Miniatura”, “Dura Dita Dura”, “Palomar”, “Sorry, boys”, “Saaraci, o último gafanhoto do deserto”, “In Many Hands” e “Teatro Dom Roberto”, entre outras, mas também workshops e masterclasses.