Num jogo, tudo mudou. O contexto no regresso de Bruno Lage ao Benfica era diferente da primeira passagem pelo comando da equipa principal, em janeiro de 2019, mas havia pontos comuns a começar pela série de vitórias consecutivas que alcançou no arranque. Esta noite, com o Feyenoord, tudo foi interrompido. Os bons resultados, as exibições convincentes, a solidez defensiva, a capacidade ofensiva. E entre a primeira derrota na Liga dos Campeões e da era Lage 2.0 nas águias, sobrou um número inesperado e preocupante.

A defesa de ficção teve um choque com a realidade (a crónica do Benfica-Feyenoord)

O Benfica não perdia qualquer jogo em casa há um ano, quando foi surpreendido pela Real Sociedad na Luz na Liga dos Campeões. O Benfica também não consentia três golos em casa há quase um ano, no empate com o Inter também na Champions (a última vez que sofrera tantos golos foi na goleada sofrida frente ao FC Porto por 5-0). Mais: há quase 50 anos que os encarnados não perdiam em Portugal frente a um conjunto dos Países Baixos, quando foram derrotados pelo PSV para a Taça das Taças (1975, 2-1). No entanto, foi o desempenho no plano defensivo que ficou como pior marca na terceira ronda da Liga milionária, com as águias a sofrerem mais golos em 90 minutos do que tinha consentido em seis jogos com Lage.

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Se antes da receção ao Feyenoord se falava na possibilidade de ficar com o playoff praticamente garantido em termos teóricos, agora as contas terão de ser refeitas até por um calendário que terá uma fase menos favorável com duas deslocações consecutivas a Munique para defrontar o Bayern e ao Mónaco, antes das receções ao Bolonha e ao Barcelona e a nova viagem a Turim para jogar com a Juventus. No entanto, e se antes Bruno Lage dizia que não caía na “lengalenga” das contas, agora também relativizou aquilo que foi um encontro onde faltou “competência”, projetando já a próxima partida com o Rio Ave no Campeonato.

“Acima de tudo, não fomos competentes. A forma como sofremos os três golos deixa-nos um pouco de lamento. A equipa entrou bem, a pressionar, mas a forma como sofremos o primeiro golo é estranha. É um pontapé de baliza nosso, sai frouxo e a bola entrou com facilidade na nossa grande área. Tentámos reagir na segunda parte, a equipa cresceu com o 2-1, o estádio deu-nos uma energia muito forte mas depois tivemos nova desconcentração no 3-1 que acaba por fechar o jogo. Surpreendidos? Não fomos surpreendidos, a forma como sofremos o golo é que nos deixa fora do jogo. Fomos pressionantes, soubemos procurar os espaços, tivemos as nossas oportunidades. Há o golo do Feyenoord, depois a excelente oportunidade do Bah. O que tiramos de positivo é a atitude que a equipa teve na segunda parte e também a pena pelo 3-1, que terminou com o jogo”, começou por comentar Bruno Lage na zona de entrevistas rápidas da DAZN após o encontro.

“Ao intervalo tentei passar que tínhamos de esquecer a primeira parte, não olhar para os golos sofridos e para o resultado e levarmos uma nova energia. Sabíamos que se marcássemos o golo que teríamos a energia dos nossos adeptos e do estádio. Foi pena não termos aproveitado quando fizemos o 2-1. Não conseguimos aproveitar essa energia do público para fazer mais um golo. Fim da série de vitórias? Temos um longo caminho a fazer. Vamos analisar o que aconteceu hoje mas o nosso foco tem de estar na energia renovada para domingo, para darmos uma resposta à Benfica. Perante o Rio Ave temos de estar muito bem no jogo e dar uma resposta à Benfica, é isso que vou pedir aos jogadores”, acrescentou o técnico encarnado.

“Não passámos do oito ao 80, nem hoje do 80 ao oito. Há processos que têm de continuar a evoluir. Houve oportunidades que deviam ser melhor aproveitadas, bem como a concentração coletiva para não sofrer. O mais importante é perceber o que aconteceu. Vamos analisar como equipa e no domingo dar uma resposta à Benfica. Estamos juntos e temos de continuar a trabalhar. Sentimos até onde a equipa tem de continuar a crescer e tem de mostrar a sua melhor versão. Devemos continuar com a determinação de sempre e energia renovada para no domingo dar uma imagem à Benfica”, disse depois na conferência.