O antigo Presidente boliviano Evo Morales sobreviveu a uma aparente tentativa de assassinato, depois de o carro onde seguia ser alvejado com vários tiros – 14, segundo relatou o próprio numa entrevista a uma rádio local. O atentado acontece numa altura em que o clima político no país é cada vez mais instável, com tensões entre uma fação política ligada a Morales e, por outro lado, o governo liderado pelo seu antigo aliado, o Presidente Luis Arce.

Morales publicou um vídeo no Facebook feito dentro de um carro em andamento, mostrando-o sentado no banco do passageiro da frente e com pelo menos dois buracos de bala no para-brisas. O condutor parece ter sido baleado, mas continuou a conduzir o veículo.

Segundo a Agence France Presse (AFP), de acordo com o relato de Morales à rádio Kawsachun Coca, o carro onde seguia o ex-presidente foi baleado 14 vezes. Foi o resultado de uma perseguição da sua viatura por outras duas, nas quais seguiam os agressores, entre a localidade de Villa Tunari e Lauca Eñe, no Trópico de Cochabamba.

O antigo chefe de Estado boliviano afirmou, após se ter apercebido de que estava a ser seguido, o motorista desviou a rota, mas a perseguição não parou. “Foi aí que percebi que era uma operação. Fiquei surpreendido. Felizmente salvámo-nos”, disse Morales.

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O acontecimento foi registado num vídeo de quatro minutos filmado por uma mulher que estava no carro com o ex-governante e mostra parte do sucedido. No vídeo, que circula nas redes sociais, é possível ver marcas de balas nos vidros do veículo.

Na sequência do ataque, os ocupantes aperceberam-se de que o condutor estava a sangrar da cabeça.

No último sábado, o governo liderado por Luis Arce criticou Evo Morales por “desestabilizar” o país com duas semanas de bloqueios de estradas que paralisaram o fornecimento de alimentos e combustível em todo o país. O atual governo considera que Morales estava a tentar “interromper a ordem democrática”.

Luis Arce foi ministro da Economia de Evo Morales, já que os dois fazem parte do mesmo partido político (os socialistas do MAS). Mas os dois entraram em confronto no ano passado, durante uma luta pelo poder antes das eleições de 2025.

A Bolívia está a viver uma crise económica que é agravada pela diminuição da produção de gás, o esgotamento das reservas de divisas estrangeiras e o aumento da inflação.

Há poucas semanas, o ex-presidente da Bolívia foi alvo de um mandado de detenção, na sequência de um alegado caso de abuso sexual de menores em que se viu envolvido. É acusado de ter cometido um crime de abuso sexual contra uma menor, com quem acabou por ter uma filha, um crime cometido enquanto Morales era Presidente, em 2016. A menor tinha, na altura, 15 anos.