A ACOS – Associação de Agricultores do Sul, sediada em Beja, criticou esta segunda-feira o “corte imediato” de água do Alqueva a quem exceder os limites anuais de rega, defendendo outro procedimento por parte da empresa gestora do empreendimento.
“Não estamos de acordo com esse procedimento, pois achamos que estas questões são muito delicadas e têm de ser ponderadas e discutidas com os agricultores“, disse esta segunda-feira à agência Lusa o presidente da ACOS, Rui Garrido.
Em causa está a decisão, por parte da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), de cortar água aos agricultores que tenham excedido os limites da dotação atribuída para o ano agrícola em curso.
Segundo noticiou o jornal Público, na passada semana, já foram enviados pela EDIA 27 ofícios com aviso de “incumprimento” das dotações de rega estabelecidas, o que tem motivado contestação por parte dos agricultores.
Esta situação levou a ACOS a enviar, a 11 de setembro, uma missiva, por correio eletrónico, ao ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, a “discordar de tal procedimento”, depois de o ter feito “pessoalmente”.
Nesse e-mail, explicou a ACOS, foi dado o exemplo de “algumas associações de regantes geridas pelos agricultores, como é o caso da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas”, no concelho de Ferreira do Alentejo, “que tratam esta situação de carência de água para rega sem recorrerem a cortes radicais, conforme decisões tomadas em assembleias-gerais de regantes”.
Segundo Rui Garrido, Odivelas “é um perímetro gerido pelos agricultores, que, nas suas assembleias, discutem os problemas e veem como enfrentar esta questão”.
“É um procedimento diferente de receber uma carta, em que se comunica que já ultrapassou a dotação que estava preestabelecida e que lhe vão cortar a água”, acrescentou.
O presidente da ACOS disse ainda que, “já no ano passado”, a associação chamou “a atenção” para este mesmo assunto.
“Mas, pelos vistos, não ganhámos nada, portanto o assunto tem agora de ser falado a outro nível“, notou.
Por se tratar de “um assunto muito sensível, que pode ter repercussões económicas graves e que carece de adequada ponderação, esperamos discuti-lo com o ministro da Agricultura numa próxima reunião que já foi solicitada”, argumentou o presidente da ACOS.