Os 900 anos da História de Portugal são percorridos na peça “O contador da História”, texto inédito de António Torrado, por Carlos Paulo e João Mota, que dirige, a estrear pelo Teatro da Comuna na quinta-feira, em Lisboa.

Um percurso divertido e pedagógico pela história, identidade e cultura portuguesas“, disse o encenador João Mota à agência Lusa, explicando que, “de forma simples, divertida e despretensiosa”, a peça dará a “conhecer, sobretudo aos mais novos”, muitos episódios da História de Portugal.

Parte do cenário é composta por blocos de pedra, que formam um banco corrido ao fundo do palco, lembrando os anfiteatros gregos. Ao mesmo tempo, nas palavras do encenador, estabelecem-se também como “metáfora para a construção do país” retratada na peça.

Ao lado do banco, um ‘ator-músico’ vai interpretando temas do cancioneiro, ilustrativos das histórias desfiadas. Ao chão vermelho sobrepõe-se o figurino, em azul, negro e cinzento. O destaque do cenário vai para um contador indo-português em pau-santo, à esquerda da boca de palco.

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O tema de José Afonso “Canto Moço (Filhos da Madrugada)” abre o espetáculo, antecendendo a entrada em palco do narrador.

O que guardará o contador lá dentro, ouve-se dizer ao narrador. “Há contadores com preciosos embutidos em marfim e alguns têm até pedras preciosas. Mas o que eles mostram à face não se compara com o que escondem. […] Tantas gavetas, tantas histórias para contar…”

A partir daqui, diferentes personagens vão entrando em palco, ora evitando que o narrador revele segredos, ora impelindo-o a contá-los, abrindo caminho a episódios-chave da história.

Pelo palco ‘passam’ a fundação de Portugal, a batalha de Alcácer-Quibir, monarcas de várias dinastias, “A Castro”, considerada a primeira tragédia clássica portuguesa, baseada na vida de Inês de Castro, a época dos descobrimentos, o terramoto de 1755, a reconstrução de Lisboa, o marquês de Pombal.

A atenção prende-se ainda à ditadura do Estado Novo e ao 25 de Abril que a derrubou.

Interpretada por Carlos Paulo, Francisco Pereira de Almeida, Gonçalo Botelho, João Mota, Margarida Cardeal, Miguel Sermão e Rogério Vale, a peça vai estar em cena na sala Novas Tendências da Comuna até 07 de dezembro, com sessões à quarta e quinta-feira, às 19:00, à sexta-feira e sábado, às 21h00, e, ao domingo, às 16h00.

A peça tem espaço sonoro de José Pedro Caiado e por Miguel Sermão. A cenografia é de Renato Godinho e o desenho de luz de Paulo Graça.

A peça resulta do convite lançado pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril a dez companhias históricas do teatro português para apresentarem uma criação ou reposição que contribuísse para a consciência pública que o teatro teve na transição democrática.

Além da Comuna — Teatro de Pesquisa, foram convidadas a Companhia de Teatro de Almada, A Barraca, O Bando, o Cendrev – Centro Dramático de Évora, o Novo Grupo de Teatro — Teatro Aberto, a Seiva Trupe — Teatro Vivo, o Teatro de Animação de Setúbal, o Teatro Experimental de Cascais e o Teatro Experimental do Porto.