Super Martinator. 2024 foi o ano de glória de Jorge Martín. Três vitórias em corridas, sete triunfos em sprints, 11 pódios, seis pole-positions e uma volta mais rápida. Em relação a 2023, o espanhol melhorou em praticamente tudo, ficando aquém apenas no total de pontos somados — tem 508 contra os 428 da temporada anterior. Ainda assim, esse decrescimento foi sinónimo de um título inédito e o fim de uma hegemonia que perdurava desde 2022 e dava pelo nome de Pecco Bagnaia, o agora vice-campeão do mundo.
A cumprir a última temporada na Pramac, já que, a partir de 2025, vai substituir Aleix Espargaró na Aprilia, Martín começou com um triunfo na corrida sprint do Qatar, seguindo-se nova subida ao lugar mais alto do pódio, desta feita na corrida principal de Portimão. Apesar de ter sido agora coroado campeão do mundo, Martinator só conseguiu mais duas vitórias ao domingo: em França e na Indonésia. Contudo, dominou praticamente todas as sprints e foi a partir daí que se começou a escrever o maior triunfo da sua carreira: venceu sete das 20 corridas e só em duas ocasiões não terminou nos quatro primeiros — desistiu em Mugello e foi 10.º em Mandalika.
Nascido em San Sebastián de los Reyes, município na província de Madrid, Jorge Martín tornou-se no primeiro piloto natural da capital a sagrar-se campeão do mundo de motociclismo, detendo ainda a 600.ª vitória de Espanha no Mundial. Natural de um país onde o desporto motorizado é rei, o piloto espanhol chegou ao motociclismo através do pai, que lhe ofereceu uma pocket bike (mini moto, em português) e ensinou-o a guiar num parque de estacionamento em Alcobendas. Foi a partir daí que começou a ganhar a ambição de chegar ao mesmo patamar do seu ídolo Valentino Rossi.
E rapidamente começou a mostrar todo o seu potencial. Começou por correr na Red Bull MotoGP Rookies Cup, prova destinada aos mais jovens e, depois de ter ficado em 12.º no primeiro ano devido a uma lesão, foi segundo na temporada seguinte. Em 2014, com apenas 16 anos, começou a dar nas vistas ao vencer a prova organizada pela Red Bull e essa acabou por ser a vitória mais fundamental da sua carreira, já que foi a partir daí que chegou o financiamento que o levou ao lugar em que está hoje.
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Aos 17 anos chegou ao Mundial, começando por fazer duas temporadas discretas na Mahindra, marcadas pelas lesões no pulso e no pé, ainda que tenha rubricado o primeiro pódio em Brno, em 2016. Atravessado o calvário e já ao serviço da Gresini, Martín despontou no Moto3 em 2017, somou a sua primeira vitória, em Valência, e terminou na quarta posição, colecionando ainda nove pódios e nove pole positions.
O ano seguinte voltou a ser de glória e marcou uma despedida em beleza do Moto3: venceu sete das 17 corridas, esteve no pódio em dez, ganhou a pole em 11 – o recorde da categoria – e sagrou-se campeão aos 20 anos com 260 pontos, o terceiro melhor registo da sua carreira. Foi na Malásia que Martín voltou a alcançar um grande registo, que acabou por dedicar à sua família. “Sem os meus pais isto não teria sido possível”, partilhou na altura, recordando os sacrifícios que o pai, que trabalhava no setor financeiro e era piloto amador, e a mãe, que era vendedora, fizeram no início da sua carreira, permitindo-lhe ter todas as condições para crescer enquanto piloto.
Ao invés de defender o título, Jorge Martín subiu de categoria em 2019, assinando com a KTM. A primeira metade da temporada não foi brilhante e acabou por ser marcada pelo fraco desenvolvimento da KTM RC12, mas Martín viria a melhorar no decorrer do ano e chegou ao pódio em duas corridas consecutivas, no Japão e na Austrália, pontuando em nove dos dez Grandes Prémios disputados. O espanhol continuou na equipa e, em 2020, somou a sua primeira vitória no Moto2, triunfando na Áustria, antes de, no final do ano, repetir o mesmo feito em Valência.
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2021 marcou o ano de estreia de Martinator na categoria rainha do motociclismo. Ao serviço da Pramac, o espanhol começou em grande, subindo ao pódio logo na segunda corrida, no Qatar. Depois de ter falhado os Grandes Prémios de Portugal, Espanha, França e Itália devido a lesão, Martín chegou em grande à segunda metade do ano e rubricou a sua primeira vitória novamente na Estíria. Seguiu-se novo pódio na Áustria e, a fechar, em Valência. Com uma vitória, quatro pódios e quatro poles, Jorge conquistou o prémio de melhor rookie da temporada.
O ano de 2022 voltou a ser pautado pelas lesões e serviu apenas de transição, ainda que tenha conseguido subir ao pódio em quatro ocasiões e amealhar cinco pole-positions. 2023 foi um ano memorável para Martín, que conquistou quatro vitórias – Alemanha, San Marino, Japão e Tailândia –, três pódios e nunca terminou fora do top 10. Lutou pelo título de campeão do mundo até ao fim, mas viria a perder em Valência, com uma queda fatal. Já em 2024 voltou a fazer as pazes com o destino. Faltou apenas ser na Comunidade Valenciana, mas a intempérie que tem assolado aquela região transportou o último Grande Prémio da temporada para a Catalunha.
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