A magia da Taça de Portugal chegou a Moreira de Cónegos. 24 dias depois de se terem encontrado na outra taça do futebol português, a da Liga, em Aveiro, Moreirense e FC Porto defrontaram-se novamente, mas desta feita com um dos emblemas a jogar na condição de visitado. A tarefa não se perspetivava fácil para nenhum conjunto que, logo à quarta eliminatória, se viu forçado a defrontar uma equipa do primeiro escalão do futebol português. Na primeira batalha, sorriram os dragões (2-0). Na segunda, o cenário foi substancialmente diferente e, depois de Pepê ter inaugurado o marcador, o Moreirense respondeu de imediato e completou a reviravolta na parte final da partida, de penálti.

Silêncio e tanta gente num festival de muito pouco (a crónica do FC Porto-Moreirense)

As últimas duas semanas não foram fáceis para os lados do Dragão. Depois da derrota expressiva no Estádio da Luz (4-1), Vítor Bruno perdeu parte do plantel para as seleções e teve de limar as arestas com alguns jovens das equipas secundárias. Pelo meio o técnico portista perdeu Marko Grujic e Deniz Gül por lesão, com Nico González também a juntar-se a este lote, apesar de ter estado em dúvida até às horas que antecederam a partida. Ainda assim, era imperativo ganhar e demonstrar uma boa resposta numa competição que tem sido dominada pelo FC Porto nos últimos anos.

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Ficha de jogo

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Moreirense-FC Porto, 2-1

4.ª eliminatória da Taça de Portugal

Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, em Moreira de Cónegos

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

Moreirense: Caio Secco; Dinis Pinto (Pedro Santos, 84′), Maracás, Marcelo, Godfried Frimpong; Rúben Ismael, Sidnei Tavares; Madson (Fabiano Souza, 84′), Alanzinho (Carlos Ponck, 84′), Benny (Gabrielzinho, 67′); Luís Asué (Jeremy Antonisse, 74′)

Suplentes não utilizados: Mika, Kewin Silva; Leonardo Buta e Gilberto Batista

Treinador: César Peixoto

FC Porto: Cláudio Ramos; João Mário (Martim Fernandes, 61′), Nehuén Pérez, Tiago Djaló, Francisco Moura (Rodrigo Mora, 81′); Nico González, Alan Varela (Stephen Eustáquio, 81′); Pepê, Fábio Vieira, Danny Namaso (Wenderson Galeno, 67′); Fran Navarro (Samu Aghehowa, 61′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa; Zé Pedro, Vasco Sousa e André Franco

Treinador: Vítor Bruno

Golos: Pepê (35’), Asué (41’) e Alanzinho (77′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Asué (10’), Djaló (14’), Madson (43’), Nehuén (74′), Alanzinho (78′) e Martim (80′)

“Será um encontro com grau de dificuldade elevado. Como disse, o Moreirense não perdeu em casa no passado recente. Será sempre diferente do encontro da Taça da Liga, apesar de não esperar muitas alterações. Os onzes serão diferentes. O momento é outro, o contexto é outro e o Moreirense estará perante os seus adeptos. Temos vontade de voltar a ganhar. Contestação? Tem um impacto forte e deixa sempre mossa. Dá agonia de resolver no dia seguinte, mas prolonga-se por mais tempo”, explicou Bruno na antevisão à partida.

Pela frente os dragões tinham uma turma de Moreira de Cónegos sólida na primeira metade do Campeonato e motivada, já que não perdia um jogo em casa desde abril, perfazendo um total de sete jogos de invencibilidade — pelo meio empatou com o Benfica (1-1).

“Acabámos por fazer um bom jogo na Taça da Liga, apesar de termos perdido esse encontro. Faltou-nos ter capacidade de ter qualidade na posse de bola. O FC Porto é favorito, mas vamos procurar ter mais bola neste jogo em casa. Temos de nos agarrar às nossas capacidades e pensar ‘por que não‘? Por que não podemos disputar o jogo e tentar passar a eliminatória?”, assumiu, por sua vez, César Peixoto.

Foi nesta toada que Moreirense e FC Porto subiram ao relvado, com Nico a apresentar-se mesmo num onze inicial com quatro novidades e muito perto do habitual: Cláudio Ramos, João Mário, Danny Namaso e Pepê. Do outro lado, César Peixoto fez as mesmas quatro alterações, mexendo em todos os setores — Caio Secco, Maracás, Sidnei Tavares e Luís Asué foram titulares.

Os dragões entraram pressionantes e ofensivos, e não precisaram de muito para encostar o Moreirense à sua área defensiva. A primeira ocasião de perigo pertenceu a Namaso que, na tentativa de retribuir a titularidade, ficou perto de marcar com um remate cruzado que Caio conseguiu defender (4′).

A partir daí, os cónegos, com o seu tradicional 4-2-3-1, tentaram impor o seu jogo e encaixar na formação portista que, ainda assim, continuou bastante móvel no ataque e a causar dificuldades à defesa adversária. Num desses lances, João Mário subiu no terreno, combinou com Navarro e cruzou para a zona do segundo poste, onde apareceu Pepê a cabecear e a fazer o golo praticamente sem ângulo de remate (35′).

Contudo, o Moreirense respondeu de pronto e da mesma moeda: Godfried Frimpong tirou um cruzamento perfeito no corredor esquerdo e Asué completou de cabeça, depois de aparecer sozinho entre João Mário e Tiago Djaló (41′). Os dragões sofreram o empate na pior altura possível, mas tinham pela frente mais 45 minutos.

Na etapa complementar, as equipas apareceram mais proativas e, desde cedo, à procura do golo que pudesse decidir a eliminatória. A primeira ocasião pertenceu a Madson, mas o seu remate saiu ao lado (46′). Depois, a resposta saiu do pé esquerdo de Francisco Moura, mas Caio Secco levou a melhor (50′). Pouco depois foi a vez de Namaso voltar a tentar com um remate em arco, só que a bola saiu ao lado e o inglês acabou com um lance que podia ter criado mais perigo (55′).

Com o jogo novamente muito encaixado a meio-campo, o ritmo acabou por decair e as muitas alterações de Peixoto e Bruno, a juntar ao adiantar do relógio, resultaram num desafio pausado. Uma das poucas ocasiões saiu dos pés de Pepê que, com um grande cruzamento, colocou a bola à mercê de Wenderson Galeno, mas o remate do luso-brasileiro saiu muito ao lado (71′).

Num lance aparentemente inofensivo, Moura vacilou perante a pressão de Madson e jogou a bola com o braço dentro da área. Tiago Martins assinalou o penálti e, na conversão, Alanzinho atirou forte e colocado para o golo da reviravolta (77′).

A partir daí o coração tomou mais conta do jogo do que propriamente a cabeça e nem as incursões de Stephen Eustáquio e do “menino” Rodrigo Mora fizeram reacender a chama do dragão. Bem pelo contrário. César Peixoto mexeu na linha defensiva e colocou mais um central (Carlos Ponck).

A partir daí, o FC Porto não conseguiu romper a defesa dos cónegos e chegar à baliza de Caio Secco, mostrando uma grande desinspiração. Desta forma e depois de terem conquistado a Supertaça, os azuis e brancos estão já arredados de um objetivo. Já o Moreirense vai defrontar o Gil Vicente nos oitavos.