Ao terceiro jogo, a terceira “estreia”. Depois de ter goleado o Amarante (6-0) e de ter sido goleado pelo Arsenal (1-5), João Pereira teve este sábado o primeiro jogo no Campeonato Nacional como treinador, novamente em Alvalade. Num dos jogos de maior cartaz da 12.ª jornada, o campeão Sporting recebeu o Santa Clara, a equipa sensação da prova, e pelo menos duas certezas estavam garantidas, qualquer que fosse o resultado: os leões iam continuar na liderança e os açorianos nos lugares de acesso às provas europeias.
O dia em que Alvalade transformou a sentença apenas numa lição (a crónica do Sporting-Arsenal)
Depois de um período de mais de um ano sem derrotas em casa, o Sporting caiu a meio da semana frente ao Arsenal e por números expressivos. A derrota acabou por não abalar as aspirações leoninas na prova milionária, mas surgiu numa altura de incerteza dada a saída de Ruben Amorim e a entrada de João Pereira. Ainda assim, o futuro prometia ser risonho e para este fim de semana estava reservada mais uma partida da Primeira Liga, onde o conjunto de Alvalade tinha vencido todos os jogos da presente temporada e não perdiam há quase um ano.
Ficha de jogo
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Sporting-Santa Clara, 0-1
12.ª jornada da Primeira Liga
Estádio José Alvalade, em Lisboa
Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)
Sporting: Vladan Kovacevic; Zeno Debast (Jeremiah St. Juste, 61′), Ousmane Diomande, Matheus Reis (Gonçalo Inácio, 61′); Geovany Quenda (Maxi Araújo, 46′), Daniel Bragança, Morten Hjulmand (Hidemasa Morita, 78′), Geny Catamo; Francisco Trincão, Marcus Edwards (Conrad Harder, 46′) e Viktor Gyökeres
Suplentes não utilizados: Diego Callai; Iván Fresneda, Ricardo Esgaio e João Simões
Treinador: João Pereira
Santa Clara: Gabriel Batista; Diogo Calila (Pedro Ferreira, 73′), Frederico Venâncio, Luís Rocha, MT, Matheus Pereira; Vinícius Lopes, Adriano Firmino, Serginho (Daniel Borges, 73′), Gustavo Klismahn (Lucas Soares, 61′); Alisson Safira (Bruno Almeida, 68′)
Suplentes não utilizados: Neneca; João Costa, Gui Ramos, Habraão e Gustavo Veiga
Treinador: Vasco Matos
Golo: Vinícius (33’)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Adriano (22’), Safira (44’), Vinícius (45+1’), Calila (45+4’), MT (63′), Gyökeres (76′), Gabriel Batista (83′), Lucas Soares (90+2′), Matheus Pereira (90+4′) e Bragança (90+8′)
“O Santa Clara é uma equipa muito forte e tentámos preparar os jogadores da melhor forma para o desafio e para conquistar a vitória. Margem zero? Tentamos fazer tudo para ganhar e os treinadores são sempre avaliados pelos resultados. Se ganharmos amanhã [sábado] as coisas vão correr melhor mas estou tranquilo. Assumo o sistema com convicção. Na equipa B era o sistema de jogo utilizado, com comportamentos de jogo diferentes mas há muitos princípios que são idênticos. Com o Arsenal foi uma derrota, três pontos que não conseguimos ganhar. Na primeira parte não entrámos bem mas na segunda estivemos mais perto do 3-2 do que sofrer o 4-1. A história poderia ter sido outra mas é o que é, temos de olhar em frente”, apontou o técnico leonino na antevisão.
“Sabemos o que está do outro lado, obviamente que sim. A melhor equipa, até ao momento, do campeonato. Mas isso não nos pode retirar a ambição nem a vontade de mudar o que quer que seja. Não vamos fazer nada disso. Vamos continuar fiéis ao nosso trabalho e à nossa identidade. Temos de dar o máximo e impor aquilo que foi o nosso trabalho ao longo da semana. Temos de acreditar muito no nosso trabalho e naquilo que tem sido o desenvolvimento da nossa ideia de jogo. Não nos focamos muito em classificações, sinceramente. Não o fazemos. Preocupamo-nos muito no dia a dia e no treino, com a nossa ideia e com aquilo que podemos melhorar”, partilhou Vasco Matos.
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Vemo-nos em Alvalade, Leões! ???? #SCPCDSC pic.twitter.com/6b1Coh4TH1
— Sporting CP (@SportingCP) November 30, 2024
Pereira acabou por sofrer uma contrariedade nas horas que antecederam a partida, já que o guarda-redes Franco Israel apresentou sintomas de gripe e teve de ser substituído por Vladan Kovacevic. Para além dessa mudança forçada, o treinador também lançou Zeno Debast, Matheus Reis, Geny Catamo e Daniel Bragança. Nos açorianos, Matos fez as mesmas cinco novidades, com Gabriel Batista, Luís Rocha, Diogo Calila, Gustavo Klismahn e Vinícius Lopes a entrarem no onze inicial. Como seria de esperar, o Sporting entrou mais autoritário e a instalar-se no meio-campo ofensivo, mas a espaços, e por conta de algumas más abordagens de Kovacevic e Debast, o Santa Clara conseguiu chegar à baliza leonina.
Apesar do sufoco ofensivo, o conjunto verde e branco mostrou-se muito hesitante no último terço perante um bloco defensivo açoriano bem montado, com Francisco Trincão e Marcus Edwards a demorarem a conseguir entrar no jogo. A espaços, Gyökeres (13′) e Matheus Reis (24′) tentaram marcar, mas não conseguiram enquadrar os remates. Pouco depois foi a vez de Geny cruzar uma bola de golo para Trincão, que apareceu sozinho, mas falhou o esférico por pouco (26′). O nervosismo começou a tomar conta das bancadas e, depois de um pontapé de baliza de Gabriel Batista, Matheus Pereira combinou com Alisson Safira, conduziu para o meio e fez um passe para Vinícius Lopes, que aproveitou um movimento deficiente dos centrais para receber solto de marcação e desferir um remate forte para o golo inaugural (33′).
A partir daí, o Santa Clara baixou ainda mais o bloco e encurtou o espaço entrelinhas, mas os leões continuaram sem conseguir encontrar o espaço e com dificuldades em romper a linha defensiva. O primeiro remate à baliza apareceu apenas a dois minutos do intervalo, com Bragança a rematar fraco para as mãos de Batista (43′). Assim, o Sporting regressou ao balneário em desvantagem e com muito trabalho pela frente, depois de uma primeira parte em que o conjunto de vermelho foi bem mais eficaz… e perigoso.
João Pereira mexeu na equipa ao intervalo, colocando Maxi Araújo e Conrad Harder no lado esquerdo dos leões e a equipa acabou por reagir, mostrando-se mais vertiginosa e rápida no ataque. Com o Santa Clara encostado às cordas, foi dos pés de Geny, que passou para a direita, que saiu a primeira ocasião leonina, mas o remate de Gyökeres acabou nas mãos de Gabriel Batista (53′). Em cima da hora de jogo, o jovem treinador voltou a recorrer ao banco e apostou em… dois centrais — Gonçalo Inácio e Jeremiah St. Juste —, numa alteração que já estaria prevista.
⏱️ 77’ | Sporting 0 – 1 Santa Clara
◉ Gyokeres em versão "black saturday": já tentou o remate 5 vezes mas enquadrou apenas um, desperdiçando uma ocasião flagrante#SCPCDSC #LigaPortugal pic.twitter.com/QJRPN9J8gQ
— GoalPoint (@_Goalpoint) November 30, 2024
Os leões continuaram por cima no desafio e, depois de um cruzamento de Harder na esquerda, Gyökeres ganhou a frente do lance ao seu opositor, apareceu completamente sozinho, mas o cabeceamento saiu ao lado, num lance com tudo para fazer o golo (67′). Pouco depois foi a vez de Ousmane Diomande tentar de canto, mas o cabeceamento do central saiu por cima (73′). Já com Daniel Bragança em campo e o encontro a caminhar para o final, o Santa Clara continuou a resistir e a espreitar o contra-ataque mas, num lance de Maxi Araújo com Gabriel Batista, Cláudio Pereira assinou penálti, que acabaria por reverter após consultar as imagens, já que o “guarda-redes não cometeu infração”, explicou a um Estádio de Alvalade cada vez mais em polvorosa (85′).
Contra o sentido do jogo, os açorianos continuaram a aproveitar o espaço e a chegar com perigo à baliza de Kovacevic e, em mais uma arrancada de Vinícius, que ganhou no duelo com Diomande, Daniel Borges passou pelos centrais, mas pecou na altura da finalização (89′). Na jogada seguinte, Vasco Matos acabou por ser expulso por protestos do banco do Santa Clara que, em mais um contra-ataque, ficou perto de faturar, valendo o guarda-redes bósnio (90′). No tempo de compensação e apesar de Cláudio Pereira ter dado oito minutos, os leões mostraram-se inofensivos, à imagem de todo o jogo, e perderam pela primeira vez neste Campeonato. Para a história fica uma vitória inédita do Santa Clara em casa do campeão nacional.