A Fectrans acusou esta terça-feira o Metropolitano de Lisboa de ter uma “postura de intransigência” e de não cumprir os acordos, lamentando que a empresa tenha conduzido os trabalhadores para o diferendo que originou a greve realizada durante a manhã.

“Os sindicatos tudo fizeram e têm feito na procura de um entendimento, situação que a empresa vem recusando”, refere a Fectrans – Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, que convocou a paralisação realizada esta terça-feira entre as 5 da manhã e as 10 da manhã, que levou à interrupção da circulação do metro.

Em causa estão, de acordo com a Fectrans, “incumprimentos sucessivos” da transportadora quanto a pagamentos das denominadas variáveis, ou seja, trabalho suplementar e feriados, e em relação ao Acordo de Empresa.

Em comunicado divulgado “em resposta à nota” enviada pelo Metropolitano de Lisboa durante a manhã, a Fectrans diz não ser verdade que a empresa não tenha dívidas para com os trabalhadores e recorda que “já reconheceu que tem de pagar as médias das variáveis em conformidade com a lei”.

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Além disso, acrescenta, os sucessivos acordos feitos com o Metropolitano “não têm sido cumpridos” pela empresa e a reunião realizada na segunda-feira poderia ter ocorrido antes se o conselho de administração “não mantivesse a sua postura de intransigência”.

“Todas as matérias abordadas não podem ser indissociáveis umas das outras, sob pena de manutenção das atuais injustiças”, salienta o sindicato, recordando ainda que a empresa se comprometeu a iniciar a discussão do regulamento de carreiras em setembro, mas, “em vez de responder à proposta apresentada pelos trabalhadores há cerca de dois anos, apresentou um documento que visa retirar direitos”.

Assim, continua a Fectrans, “como resultado deste conflito promovido pelo conselho de administração do Metropolitano de Lisboa, os trabalhadores deram uma prova inequívoca da sua unidade e determinação da sua jornada de luta sob a forma de greve”.

Numa nota divulgada de manhã, o Metropolitano indica que na reunião realizada na segunda-feira “apresentou às organizações sindicais propostas concretas e credíveis, acolhendo os procedimentos reivindicados para os anos de 2023 e seguintes, relativamente à maioria das remunerações variáveis em causa (quatro das sete situações em discussão)”.

A empresa propôs ainda a continuação das negociações relativamente às restantes variáveis, bem como para a revisão do Regulamento de Carreiras, conforme uma proposta já apresentada.

Contudo, a empresa reconhece que a abertura “para alcançar soluções equilibradas em benefício de todas as partes envolvidas não teve o necessário acolhimento por parte das organizações sindicais”.

A transportadora diz ainda esperar que na reunião já agendada para o prosseguimento das negociações seja possível um entendimento estrutural e duradouro”, reiterando que, “neste momento, não existe qualquer dívida ou pagamento em atraso aos seus trabalhadores”.

A paralisação parcial repete-se no dia 10 de dezembro, também entre as 5 horas e as 10 horas.

Normalmente, o serviço funciona entre as 6 e meia e a 1 da manhã nas quatro linhas: Amarela (Rato-Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Sodré), Azul (Reboleira-Santa Apolónia) e Vermelha (Aeroporto-São Sebastião).

Em 6 e 14 de novembro, foram também cumpridas duas paralisações parciais que tiveram uma adesão a rondar os 90%, de acordo com a Fectrans, e que impediram a abertura de todas as estações até meio da manhã.

Circulação do Metro de Lisboa retomada após greve parcial