Valentina foi encontrada morta num barracão na Póvoa de Santo Adrião, em Odivelas, no dia 31 de julho de 1992, com sinais de violência extrema. A Polícia Judiciária nunca tinha visto uma cena de crime assim, tão caótica e com a vítima em tão mau estado, mas estava muito longe de imaginar que, ao longo dos meses seguintes, o assassino ia voltar a matar.
Se a investigação policial arrancou logo — com o suspeito número 1 clássico, o namorado da vítima, a ser interrogado —, a cobertura mediática não, o que fez com que ainda demorasse algum tempo até que o país se apercebesse de que havia um assassino em série à solta em Lisboa.
Valentina era prostituta e, talvez por isso, a sua morte não fez disparar alarmes nem parar rotativas. Na altura, nos jornais, saíram apenas notícias breves, sem grandes detalhes sobre a vítima ou o modus operandi do assassino. “Não era a primeira vez que uma prostituta era assassinada, não é?”, justifica o jornalista Valdemar Pinheiro, que há mais de 45 anos cobre assuntos relacionados com crime e polícias — e que, há 32 anos, também começou por ignorar a história.
Foi preciso que o assassino voltasse a matar, no dia 1 de janeiro de 1993, para a PJ perceber que, afinal, o crime da Póvoa de Santo Adrião não tinha sido um ato isolado. E foi preciso que ele reincidisse uma terceira vez, no dia 15 de março desse mesmo ano, para que os jornais fizessem explodir o caso do “psicopata” que andava a assassinar prostitutas na capital.
O novo Podcast Plus do Observador chama-se “A Caça ao Estripador de Lisboa” e conta a história da conturbada investigação ao assassino em série que há 30 anos aterrorizou o país e desafiou a PJ. Uma história cheia de mistério, suspense, pistas falsas, escutas internacionais e armadilhas perigosas.
A série, para ouvir em seis episódios, estreou-se esta terça-feira, dia 17 de dezembro. Em menos de 24 horas, o episódio número 1, “Foi a última vez que a viu”, já foi ouvido mais de 20 mil vezes e está disponível aqui:
Eram os tempos em que, pelo menos em Portugal, ainda não havia capacidade para analisar vestígios em busca de ADN; em que as impressões digitais eram passadas para o papel e guardadas em gavetas; em que na Polícia Judiciária ainda havia agentes, em vez de inspetores; e em que os homicidas ainda não se apanhavam com ciência, mas com o bom velho método da dedução.
Para tentar capturar o assassino, que rapidamente começou a identificar como “O Estripador de Lisboa”, a PJ montou uma verdadeira caça ao homem.
Interrogou centenas de pessoas, teve mais de uma dezena de suspeitos, e, quando tudo falhou, viu-se obrigada a criar um grupo especial para investigar o crime, à moda anglo-saxónica, e a pedir ajuda à polícia internacional com mais experiência na perseguição de assassinos em série, o FBI.
“A Caça ao Estripador de Lisboa” tem narração da atriz Inês Castel-Branco e banda sonora original composta por Mário Laginha.
Pode ouvir o trailer da série, para ouvir em seis episódios, aqui:
Como habitualmente, a cada terça-feira sai um novo episódio — mas se é assinante do Observador não vai ter de esperar para ouvir a série completa, que vai estar disponível já no dia de estreia, no site do jornal.
“A Caça ao Estripador de Lisboa” tem guião e entrevistas de Tânia Pereirinha. A sonoplastia é de Bernardo Almeida e o design gráfico de Miguel Feraso Cabral.
Artigo atualizado terça-feira, dia 17 de dezembro, às 15h40