O barulho dos aviões que aterram e descolam do aeroporto de Lisboa prejudica o funcionamento do Hospital Júlio de Matos, onde são tratadas pessoas com problemas de saúde mental, tendo já substituído janelas para minimizar o problema.
A exposição ao ruído neste hospital da Unidade Local de Saúde (ULS) de São José, muito próximo do aeroporto Humberto Delgado, tem sido acompanhada pelas equipas do então Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e agora da ULS São José, em parceria com a ANA — Aeroportos de Portugal, disse à Lusa a ULS São José.
O barulho das aeronaves é “um constrangimento importante ao desejável funcionamento” do Hospital Júlio de Matos, diz a unidade na resposta escrita, explicando que esse constrangimento tem um efeito particular por se tratar de um hospital que trata fundamentalmente pessoas com problemas de saúde mental.
“Têm sido tomadas medidas [no hospital Júlio de Matos], designadamente a substituição de janelas ao abrigo do programa Bairro — Isolamento Acústico, o que tem permitido minimizar os efeitos negativos causados por esta contingência”, adiantou.
A exposição a ruídos de tráfego, como o das aterragens e descolagens de aeronaves, aumenta o risco de demência e também o de hipertensão ou diabetes, segundo um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, divulgado em junho, que relaciona as partículas ultrafinas emitidas pelos aviões com a saúde de quem vive perto dos 32 aeroportos mais movimentados da Europa.
No caso de Lisboa, precisou na altura a associação ambientalista Zero, estão em causa cerca de 414 mil pessoas (cerca de 4% da população portuguesa) residentes num raio de cinco quilómetros do aeroporto Humberto Delgado, e que estão particularmente expostas, sofrendo segundo o estudo, um risco de demência de 20%, de diabetes de 12% e de hipertensão arterial de 7%.
As obras de ampliação do terminal 1 do aeroporto de Lisboa — uma das obrigações imposta à ANA há um ano, numa decisão do último Conselho de Ministros do governo de António Costa — vão ser sujeitas a avaliação de impacte ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), incluindo o aumento máximo previsto até 45 voos por hora.
“O estudo de impacte ambiental (EIA) a desenvolver deve considerar como situação de referência o número de voos declarado no pedido de apreciação prévia relativo ao projeto ‘Pier Sul, Central e Apron Sul’ (38 movimentos por hora) e a sua evolução futura, designadamente até atingir a capacidade máxima de 45 movimentos por hora”, refere no seu parecer aprovado no início deste mês.