O Presidente da Câmara de Lisboa insiste que “tem havido mais violência e mais crimes” na capital portuguesa. Em entrevista ao Diário de Notícias, Carlos Moedas diz que “hoje há crimes mais violentos na cidade e as pessoas estão preocupadas”.

O autarca não apresentou quaisquer fontes para justificar as declarações. Em outubro, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP garantia ao Observador precisamente o oposto: no primeiro semestre de 2024 verificou-se uma diminuição de 13,97% da criminalidade geral nos 9 concelhos do distrito de Lisboa. Já sobre a Baixa de Lisboa em particular, a criminalidade diminuiu no primeiro semestre do último ano em comparação com o mesmo período de 2023, “tanto a criminalidade geral como a criminalidade violenta e grave diminuíram, comparando com o período homólogo do ano transato”.

Na entrevista publicada esta quarta-feira, o social-democrata fala em “sinais de insegurança” numa cidade que, ainda assim, descreve como “uma das capitais mais seguras do mundo”. “Digo isto quando estou no terreno e quando as pessoas me vêm reportar que há dois anos não era assim, há três anos não era assim, e que a falta de polícia é óbvia dentro da cidade. Sim, é uma cidade segura, mas temos de ter muito cuidado para não deixar de o ser. E os sinais que tenho tido nos últimos anos são sinais de insegurança”, disse ao DN. “Hoje há crimes mais violentos na cidade e as pessoas estão preocupadas”.

Moedas diz que já pediu polícias ao anterior e ao atual Governo sem sucesso

Para Carlos Moedas “há pouca polícia em Lisboa”. “Tenho 400 polícias municipais. Queria ter 600, pedi 200 ao anterior Governo, pedi 200 a este Governo, e deram-me 25”, criticou. Em outubro, a PSP também desmentiu ao Observador a falta de visibilidade e de policiamento preventivo já na altura denunciada por Moedas. Segundo a Direção Nacional, “além de mais e melhor policiamento, é também importante detetar, analisar e intervir junto de diferentes problemas socioculturais e económicos existentes nos nossos territórios”.

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Numa longa entrevista dominada pelo tema da segurança, o Presidente da Câmara de Lisboa não se quis alongar nos comentários sobre a operação no Martim Moniz, mas notou que “ninguém fez nada diferente do que tinha sido feito”.

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“Todos os presidentes da Câmara e primeiros-ministros tiveram ações de segurança como a que vimos no Martim Moniz. E agora vêm diabolizar uma ação de segurança feita pela PSP, com todos os protocolos. Não sou eu que vou comentar uma ação de segurança da PSP, que tem protocolos que devem ser cumpridos — se não são, isso deve ser visto, mas não politicamente. Ninguém fez nada diferente do que tinha sido feito, mas o PS está sempre a diabolizar e a radicalizar. Na segurança e em tantos temas da cidade”, acusou.

Questionado sobre a associação feita por dirigentes políticos de extrema-direita entre um aumento de insegurança e um aumento de imigração, Carlos Moedas recusou fazer um “tipo de associações” que classifica como “populismo”. “Falar de imigração é uma coisa, falar de segurança é outra, e não há ligação entre os dois temas”, contesta. “Há criminosos que são portugueses, outros são estrangeiros, outros são de uma religião, outros são de outra. Como em tudo, não há nenhuma população perfeita”.