Albert Einstein não foi apenas um homem da ciência e da matemática: o autor da teoria da relatividade, eleito pela revista norte-americana Time como o homem mais importante do século XX, refletiu bastante sobre a educação durante a sua vida. Como educar os jovens foi uma das suas preocupações, que abordou em cartas, livros e ensaios biográficos. O jornal espanhol El País inventariou algumas das suas principais ideias sobre o tema: conheça-as abaixo.
1 – Exames são prejudiciais, e aprender não deve ser obrigação
Para Albert Einstein, o ensino não deve ser imposto aos jovens como uma obrigação: deve-lhes, sim, ser aguçada a curiosidade, a vontade de aprender. Na obra “A minha visão do mundo”, publicada originalmente em 1949 pelo cientista de origem germânica, Einstein discorria sobre vários temas relacionadas com a sociedade de que era contemporâneo e propunha a seguinte ideia:
A aprendizagem deve ser feita de uma maneira que possa ser recebida como a maior dádiva, e não como uma obrigação amarga
Note-se que Albert Eistein, na sua vida académica, estudara sete anos num colégio germânico, situado em Munique, que tinha um nome difícil até de escrever: Staatliches Luitpold-Gymnasium München. A sua experiência académica deixou-lhe uma visão crítica de um método que consistia em obrigar os alunos a decorar e reter a matéria, ao invés de serem encorajados a refletir sobre ela de forma crítica. Em “Notas autobiográficas”, publicado no mesmo ano, Einstein viria a escrever:
Aprendi desde muito cedo a extrair o importante, prescindindo de uma multiplicidade de coisas que (…) desviam a mente do essencial. O problema é que para os exames tinhas de enfiar tudo na cabeça, quer queiras ou não. (…) É um erro grave acreditar que a vontade de olhar e pesquisar pode ser fomentada pela obrigação e pelo sentido de dever. Penso que até um predador animal saudável pode ser privado da sua voracidade se lhes for exigido continuarem a comer quando não têm fome.
A visão crítica de uma educação que promove uma sociedade pouco curiosa, e que aprende por obrigação, não é inovadora, e deixou raízes: por exemplo, no pensamento do romancista e ensaísta argentino Alberto Manguel, que em outubro, numa entrevista ao Observador, descrevia a curiosidade como uma “força motora” dos seres humanos. A que, apontava, a sociedade cria obstáculos: “Temos medo da curiosidade”, acrescentava.
2 – Fazendo o que se gosta, aprende-se mais
Numa carta ao seu filho, Eduard Einstein, publicada postumamente em 2008 na obra “Posteridade: cartas de grandes [cidadãos] norte-americanos aos seus filhos”, de Dorie McCullough Dawson, o cientista recomendava-o a seguir o seu instinto e fazer aquilo que gostasse, já que essa é a “melhor maneira de aprender”:
Toca ao piano sobretudo o que gostares, mesmo que a professora não te o exija. Essa é a melhor maneira de aprender, quando estás a fazer algo com tanto prazer que nem te dás conta do tempo a passar.
3 – Sem prática não há milagres
Novamente em 1939, na obra “As minhas crenças” (título espanhol), Albert Einstein sugeriria que a prática é essencial para a aprendizagem, escrevendo que:
As grandes personalidades não se formam com o que ouvem ou dizem, mas com o trabalho e as ações. Por conseguinte, o melhor método de educação foi sempre aquele que exigiu ao seu discípulo [ou aluno] a realização de tarefas concretas. Isto tanto se aplica às primeiras tentativas de escrever feitas por uma criança, como [à escrita de] uma tese universitária (…), à interpretação ou tradução de um texto, à resolução de um problema matemática ou à prática de um desporto.
Três anos antes, em 1936, era publicado um ensaio de Albert Einstein sobre a educação, em alemão: onde já defendia algo de muito parecido. “Se um homem jovem tiver treinado os seus músculos e a sua resistência física fazendo ginástica e caminhadas, mais tarde estará preparado para qualquer trabalho físico. Isto também acontece com a mente”, escrevera, em “Sobre a educação”. E, ainda no mesmo ensaio, viria a acrescentar que:
Não estava equivocado aquele que disse: “A educação é o que sobra quando se esquece tudo o que se aprendeu na escola”
4 – Educar para servir a sociedade
Ainda em “As minhas crenças” (título espanhol), originalmente publicado em 1939, o autor da teoria da relatividade manifestava preocupações quanto à educação e quanto à educação cívica dos jovens. Na obra, Albert Einstein escrevia:
Deveria cultivar-se nos indivíduos qualidades que promovam o bem comum. Isto não significa que (…) [o indivíduo] se converta num simples instrumento da comunidade, como uma abelha (…) O objetivo deve ser formar indivíduos que atuem com independência e que trabalhem o seu principal interesse ao serviço da comunidade
5 – Jovens devem ser ensinados a dar, não a receber
Na mesma obra, Albert Einstein refletia sobre aquilo que é dito aos jovens que devem atingir durante a sua vida: e sobre o quão errado tem sido esse pensamento.
Temos que ter cuidado com os que pregam aos jovens o sucesso como o objetivo [principal] da vida (…). O valor de um homem deveria ser analisado em função do que dá, e não do que recebe. A função decisiva do ensino é despertar estas forças psicológicas [vontade de contribuir para o mundo] nos jovens.