O pai das duas crianças que caíram ao rio Tejo numa praia em Caxias (tendo uma morrido e outra ficado desaparecida) volta a defender-se das acusações que lhe foram feitas. Em entrevista ao “Sexta às 9”, na RTP, Nélson Ramos nega as acusações de ter abusado sexualmente das filhas e de ter exercido violência doméstica sobre Sónia Lima (acusações proferidas pelo irmão de Sónia), afirmando que, pelo contrário, a violência era exercida sobre ele:

Houve situações com violência verbal, havia violência física que partia sempre dela. Praticamente sempre à frente das crianças.”

Sobre as acusações de abuso sexual das crianças, Nélson afirma que o primeiro momento em que é confrontado com essa situação “foi no momento de rutura, da separação, que foi um momento muito conturbado” e que surgiu para tentar tirar-lhe o direito de ser pai. “Sempre fui um pai presente, atento, cuidadoso. Mesmo separado era o que eu queria fazer”, garante Nélson, que diz ainda que “nunca lhe perdoarei [perdoará]” pelo que fez e que pede que se faça justiça, em nome das filhas.

A primeira queixa de Sónia, segundo revelou a RTP, surgiu a 17 de novembro de 2015, quando já não viviam juntos. Aí, a mãe deslocou-se ao hospital Amadora-Sintra e pediu um exame que descartasse um eventual abuso sexual do pai em relação a Samira, de 4 anos, que suspeitava ter ocorrido dia 2 de novembro (quando ainda viviam juntos). Sónia Lima queixava-se de que Nélson Ramos “tem uma obsessão enorme pela Samira [filha de 4 anos], é o objeto dele”.

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Segundo o relatório clínico desses exames, a mãe “refere ter visto o pai das menores, embriagado, a beijar de forma inapropriada a Viviane (31/10), sendo que após isso pediu ao progenitor que deixasse a filha”. Mas verificaram-se “incongruências relativamente às datas dos supostos episódios, bem como ao próprio relato dos alegados abusos“, nas declarações de Sónia Lima, relata o autor do relatório, que seguiu para a Comissão de Proteção de Menores e para o Ministério Público.

A perícia médica concluiu que não existia evidência de abusos sexuais, segundo revela a RTP. Mas Sónia Lima deslocou-se dias depois ao hospital Dona Estefânia, para pedir novo exame.

Nélson diz que ainda que a mãe das crianças, Sónia Lima, “tinha cuidados extremos com as meninas”, mas “ao ponto de exagerar”:

Ela tinha cuidados extremos com as meninas, era muito cuidadosa com elas. Ao ponto de exagerar muitas vezes, de eu não lhes poder tocar, de eu não poder fazer certas tarefas para ajudar

Nélson Ramos afirma que, antes da tragédia ocorrer, o próprio pai de Sónia estava preocupado com o estado mental da sua filha, citando telefonemas que terá recebido do sogro, antes da tragédia:

Foram uns 3 ou 4 telefonemas naquele tempo (…). Estava preocupado porque ela não vinha e estava preocupado com as meninas [num telefonema]. Noutro telefonema começa-me, já preocupado, a dizer: “Ela não está bem, ela não come, ela está com problemas, não sei se ela se quer matar e eu estou preocupado com as meninas, porque ela deixou os medicamentos da Viviane [que estava doente] em casa.